Preservação excepcional de fósseis de Mesossauros (Proganosauria) em folhelhos e calcários do acervo do laboratório de Paleontologia ( LAPAGEO) e Geologia da UEG

Resumo

Mesosaurus corresponde a um gênero extinto de pequenos répteis aquáticos do Período Permiano (299-271-ma), que possuíam adaptações para a natação como corpo alongado e hidrodinâmico, membros anteriores e posteriores robustos e com cauda mediolateralmente achatada. Além disto, a presença de dentes pontiagudos indica que apresentavam uma dieta carnívora em ambientes de água doce a salobra (Oelofsen, 1987; Piñeiro et al., 2012). Sua ocorrência fóssil é restrita à Bacia do Paraná, na América do Sul, e à Bacia do Karoo, no sul da África (Laurin & Piñeiro, 2013). Essa distribuição disjunta, é utilizada como uma das principais evidências biogeográficas para a teoria da deriva continental (Wegener, 1915). Do ponto de vista da paleontologia, os Mesosaurus são importantes por representar um dos primeiros grupos de amniotas a retornar a um estilo de vida aquático ou, eventualmente, semiaquático (Piñeiro et al., 2012). Os depósitos nos quais animais são coletados correspondem a sequências sedimentares que foram depositadas em um mar epicontinental, interno, que ocupou grande parte do Sul do Gondwana. Estes fósseis podem estar preservados em rochas carbonáticas, como o calcário e em rochas betuminosas, ricas em matéria orgânica, como os folhelhos. Neste contexto, calcários de ambientes marinhos rasos e energéticos tendem a preservar restos de organismos incompletos e desarticulados. Em contrapartida, ambientes marinhos profundos e com condições anóxicas favorecem a preservação completa dos organismos. No LAPAGEO (Laboratório de Paleobiologia e Geologia), encontra-se um rico acervo de fósseis destes animais. Este trabalho visa, primordialmente, investigar se há diferenças na qualidade de preservação dos fósseis de Mesosaurus do acervo deste laboratório, preservados em folhelhos e calcários, analisando macro e microscopicamente, a integridade e os detalhes anatômicos e diagnósticos dos espécimes, em relação aos processos de fossilização, a fim de identificar e compreender melhor os processos tafonômico/sedimentares envolvidos na qualidade de preservação destes animais.