Validação de qualidade de mistura em fábrica de ração através do Microtracer F-Red

Resumo

No Brasil, o volume de produção de ração se destaca nas regiões Sul e Sudeste, mas o seguimento está crescendo nas demais regiões. Centro-Oeste e Nordeste estão investindo devido o custo de matéria-prima e logística. Mesmo com a crise política e econômica instaurada no país, externamente as previsões são favoráveis ao mercado da carne. Pensando nisso e em atender exigências mais rigorosas dos consumidores e órgãos reguladores, objetivou-se avaliar parâmetros de qualidade a partir do uso de MicrotracerF-Red na fábrica da Integral Nutrição Animal, que é automatizada, vertical e possui duas linhas de produção independentes: A300, para suplementos minerais (misturador horizontal de eixo duplo helicoidal) e A200, para rações (misturador horizontal de eixo único com pás). Em cada linha, foram produzidas dez batidas de 3 minutos; dois produtos; 150 amostras simples; e investidos R$ 400,00 (análises terceirizadas). Nas quatro primeiras batidas, avaliou-se a distribuição do traçador, na quinta, a descarga dos misturadores. Essas amostras também foram analisadas pelos laboratórios A e B, que determinaram Cu e Zn. Para a limpeza, manteve-se os headers ligados por dez (A300) e oito (A200) minutos e nas etapas flushing, verificou-se a contaminação. Através deplanilhas eletrônicas do Excel, avaliou-se a conformidade das misturas, percentual de resíduo e eficiência da limpeza. Os Microtracers revelados resultaram em coeficientes de variação (CV’s) acima de 20% (A300 e A200). O desvio padrão (DP) e raiz quadrada da média foram superiores a 12% e 7,6%, respectivamente, nas duas linhas. Tais CV’s não contemplam o limite máximo (10%) recomendado pela maior parte dos autores. Com DP superior à raiz quadrada da média, a Distribuição de Poisson confirmou misturas não homogêneas. Os laboratórios A e B apresentaram laudos com grande variação de resultados e divergências. Os resíduos remanescentes foram 7,27% na A300 e 10,39% na A200, contrariando o mais recomendado no Brasil, 4%. Nas etapas flishing, a ausência do tracer ocorreu na quinta batida de mineral. Nas mesmas condições, três minutos não garantem misturas homogêneas e seguras, impossibilitando reduzir o custo energético através do tempo. O resíduo remanescente e o CV elevado potencializaram a contaminação cruzada. A limpeza testada possibilita apenas a produção de minerais para monogástricos, a partir da quinta batida flushing. As análises convencionais se mostraram inconsistentes, confusas e onerosas, tornando a metodologia com Microtracer F-Red a melhor opção para os próximos testes.