A HISTORICIDADE QUE PERMEIA A LITERATURA CERRATENSE SOB O VIÉS DA NARRATIVA ELISIANA
Resumo
São consideráveis as discussões sobre a indissociabilidade entre história e literatura, pois tanto as obras literárias quanto as históricas são situadas em um espaço que reproduz discursos, cujo intuito é representar experiências em dado contexto cronológico. A presente comunicação objetiva tecer considerações sobre a construção da narrativa “A Crueldade Benéfica de Tambiú”, de Bernardo Élis, na Amaro Leite do Século. XX. Na referida obra, o enredo se constrói a partir da historicidade de Amaro Leite, o que nos remete a Chartier (1990) quando afirma que todo documento, seja ele literário ou de qualquer outro tipo, torna-se representação do real que se apreende, não podendo se desligar de sua realidade de texto construído, uma vez que se alicerça a regras próprias
de produção inerentes a cada gênero de escrita, principalmente no que se refere à intencionalidade da escrita. Tanto Chartier quanto ALMEIDA (2016), BARROS (2004), BERTRAN (1996), CANDIDO (2000), CHARTIER (2009), EAGLETON (1997), PESAVENTO (2003) e POHL (1976), dentre outros, compuseram a base teórica de nossa pesquisa. Abordagens relacionadas à estética da recepção também se fazem relevantes para estudo desta natureza, pois esta teoria entende que cada sujeito/leitor lê, interpreta, recepciona textos históricos, literários, sociológicos, antropológicos, a partir de inúmeras interpretações, que se constroem por meio do ambiente social e cultural, das instituições,
dos campos sociais, bem como das conectividades com outros textos. Neste sentido surgem indagações sobre: em que momento termina a História e começa a Literatura? Ou vice versa. Responder tais perguntas torna-se controverso, uma vez que a História é concebida como um gênero literário e a literatura encontra-se intrinsecamente mergulhada na História. Daí a importância de concebermos as duas perspectivas sob o viés da indissociabilidade histórico/literária na narrativa cerratense de Bernardo Élis. O
que nos remete à possibilidade de ressaltar que tanto a narrativa histórica quanto a literária necessitam ser concebidas como formas de conhecimento do mundo, uma vez que cabe a ambas proporcionar aos sujeitos/leitores a possibilidade de uma consciência social a partir da análise do contexto onde se encontram, analisando, para isso, toda a trajetória histórica inerente ao processo de produção do texto histórico literário.