A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PRESENTE NO DIALETO CAIPIRA DO PERSONAGEM CHICO BENTO
Resumo
Sabe-se que há a necessidade de conscientizar a todos que a diversidade linguística existe e está inserida na sociedade, considerando que linguisticamente não há a forma “certa” ou “errada” de falar, mas o diferente. É imprescindível mencionar que as reflexões feitas acerca da variação linguística são baseadas em ciências como a sociolinguística, sobretudo na análise do discurso (AD) e nos metaplasmos, que são marcas do dialeto caipira, visto que muitas pessoas que residem na zona rural possuem uma grande dificuldade de escolarização, não tendo acesso à norma culta. Assim sendo, a língua é
conduzida de forma hereditária, transmitindo traços “corretos” e os metaplasmos para os novos falantes, tendo estes uma variedade estigmatizada da língua, ao passo que o falante urbano e escolarizado costuma possuir uma variedade prestigiada da língua, o que acaba por desprestigiar as demais formas, gerando, assim, o preconceito. Percebese no personagem analisado, Chico Bento, dois tipos de variação linguística, sendo que a primeira compreende a variação diastrática que representa as características de
determinados grupos sociais e a variação diatópica que representa a variante de regiões, tendo características especificas de cada uma, individualmente. Neste caso, fica evidenciado nas falas de Chico Bento um vocabulário reduzido, tido como “pobre”, o que se pode observar na linguagem oral na qual nota-se a ausência de concordância nominal e a grande redução das palavras em suas falas. Portanto, mesmo com o uso dos metaplasmos percebe-se que o sentido do texto permanece intacto, todas estas variantes expostas compreendem a variação linguística da zona rural, do campo e do interior. Assim, o personagem Chico Bento representa um estereótipo do homem e da linguagem caipira. A presente pesquisa baseia-se, dentre outros, nos seguintes autores: Neves (1990), Saussure (1916 – 1977), Bagno (2002), Tarallo (1985) e Fiorin (2003 – 2005).