O MÉDICO, O PADRE E O JUIZ: REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO-CRIME DE SANTA DICA EM GOIÁS.
Resumo
Durante as primeiras décadas do século XX – momento de ascensão da medicina psiquiátrica como instituição consolidada no Brasil, em conjunto com o crescente desejo de se alavancar a modernidade e o progresso no sertão brasileiro – a crença em superstições em lugar da “religião verdadeira”, ou preferência por remédios naturais e benzeduras em lugar de laudos médicos e farmácias, foi considerada tanto pela classe médica, como intelectual e religiosa, como uma loucura que não só necessitava ser tratada, mas especialmente combatida. No caso específico do estado de Goiás, um processo-crime de 1925 chama-nos a atenção para os discursos que envolvem psiquiatria e religião. Benedita Cipriano Gomes, a “santa Dica”, réu do referido processo, foi considerada louca pela própria Defesa, como forma de salvar-se da condenação judicial, marcando a passagem de um discurso religioso que inicialmente a tinha como “bruxa”, para um discurso médico que a teria como “histérica”, ainda que seja essa apenas uma estratégia da defesa. Este processo-crime é nosso objeto de investigação para a presente comunicação, cuja proposta é pensar as relações entre religião, psiquiatria e crime na Primeira República em Goiás, tomando como objeto de análise a condenação do movimento messiânico de santa Dica e seus desdobramentos religiosos, jurídicos e policiais.
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1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
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