A ORDEM DO RELATO E A PRETENDIDA VERACIDADE NA ESCRITA CRONÍSTICA INGLESA DO SÉCULO XIV

Autores

  • Fernando Pereira dos Santos UNESP - FCHS/Franca

Resumo

A composição cronística foi um dos cernes da escrita histórica na Inglaterra entre os séculos VI e XVI. Na presente comunicação, inquirimo-nos acerca da relação estabelecida entre a ordenação textual e o pleito a veracidade nos relatos de cronistas durante o reinado de Eduardo III (r. 1327 – 1377), período que testemunhou  transformações nas formas de registro da história, isto é, de uma marcadamente monástica para outra com grande influência secular. Observaremos se nas crônicas do Anônimo de Canterbury, Geoffrey le Baker (? - 1358?), Jean le Bel (c. 1290 - 1360)  e Thomas Gray (1310? - 1369), indivíduos que desempenharam diferentes papéis administrativos e militares durante as décadas de 1340 e 1360, existem similaridades que nos permitam traçar pontos em comum sobre a importância dada à cronologia das informações dispostas e a pretensa incontestabilidade de seu conteúdo entre o público para o qual tais escritos estavam voltados. Até que ponto haveria preocupações com o que seria digno de registro e o como fazê-lo para cronistas que escreveram simultaneamente, mas localizavam-se em diferentes regiões dentro e fora do reino? Uma das características daqueles empenhados no fazer histórico é o contato com guerreiros em decorrência dos conflitos contra franceses e escoceses, acedendo assim a documentos produzidos por aqueles que lá estiveram e a seu testemunho oral. Tal questionamento é pertinente ao considerarmos que os ingleses não contavam com um centro de produção da história oficial que delineasse seus parâmetros, como observou-se simultaneamente, por exemplo, no monastério de Saint Denis, na França, e por isso mesmo nos indagamos se partilharam de certas regras na sua disposição textual, pois isso possibilitaria dizer se houve uma forma comum de conceber a história, e assim relacionar a ordem do relato com a tão pretendida veracidade que permeou as aspirações dos cronistas daquela época.

Biografia do Autor

  • Fernando Pereira dos Santos, UNESP - FCHS/Franca

    Bacharel em Letras com Habilitação de Tradutor pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Câmpus de São José do Rio Preto; Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Câmpus de Franca. Foi bolsista de iniciação científica sob fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) no biênio 2011/2012 e atuou como voluntário no Centro de Apoio e Desenvolvimento a Pesquisa Histórica (CEDAPH) da UNESP - Câmpus de Franca entre os períodos de Janeiro a Novembro de 2009 e entre Março de 2011 a Julho de 2012. Atualmente, é mestrando em História Medieval pela Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Câmpus de Franca com a pesquisa intitulada “Guerra e a Escrita da História na Inglaterra trecentista”. Foi bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), membro da Equipe Editorial da Revista " História e Cultura" (ISSN:2238-6270), avaliador  ad hoc do periódico "Oficina do Historiador" (ISSN: 2178-3748), colaborador internacional do períodico "Limina: A Journal of Historical and Cultural Studies of the University of Western Australia"  e membro da Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM).

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Publicado

2017-02-08

Edição

Seção

ST10: Narrativas, Imaginário e Poder: A Escrita da História na Idade Média