HISTÓRIA, BIOGRAFIA E AUTOBIOGRAFIA: AS REPRESENTAÇÕES SOBRE A TRAJETÓRIA DE ZUZU ANGEL

Autores

  • Ana Paula Moreira Pinto Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Resumo

Zuleika de Souza Netto (1921-1976) conhecida posteriormente como Zuzu Angel, tem sua trajetória de vida relacionada, predominantemente, a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Zuzu Angel foi uma importante costureira/fashionista durante o Brasil Republicano, possuindo reconhecimento em âmbito nacional e internacional. Seu filho, Stuart Angel Jones (1945-1971), militante político, exerceu atividades de resistência durante o regime ditatorial, sendo em 1971 preso, torturado e assassinado pelos órgãos de segurança nacional. Com o seu desaparecimento, posteriormente a comprovação da morte de Stuart, Zuzu Angel, utilizando-se de sua profissão e das suas influências internacionais, buscou meios de cobrar do governo Brasileiro esclarecimentos sobre o paradeiro de seu filho, porém, sua “luta” de cinco anos (1971-1976) encerra-se em um acidente automobilístico, tendo os militares como os mentores. Diante sua trajetória de vida, Zuzu Angel recebeu homenagens de artistas brasileiros e tornou-se objeto acadêmico. No entanto, na maioria dos trabalhos segue-se uma determinada linearidade, Zuzu Angel é apresentada somente em um caráter, como a mãe guerreira e a grande designer. Assim, neste trabalho, problematiza-se as representações constituídas acerca de Zuzu Angel, em que edificam-se discursos qualificadores, que utilizam-se de uma mesma versão para justificar a sua vida. Acredita-se que tais narrativas correspondem aos interesses próprios de Zuzu Angel e os de sua família. Desta forma, problematiza-se como fonte o livro, Eu, Zuzu Angel, Procuro meu Filho, organizado por sua irmã, Virginia Valli, contendo textos de amigos e familiares que conviveram com a designer durante a ditadura civil-militar, além da autobiografia inacabada de Zuzu Angel, May Way of Death. Esse estudo insere-se nas discussões teórico-metodológicas referentes a Nova História Política, tendo como referencial teórico a obra O deságio Biográfico: escrever uma vida, de François Dosse,  consistindo em verificar o processo da escrita de uma história por meio da biografia e da autobiografia,  ambas problematizadas e analisadas enquanto fontes históricas.

 

Palavras-chave: Biografia; Autobiografia; Representação; Zuzu Angel.

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Publicado

2017-02-08

Edição

Seção

ST1: Diálogos contemporâneos: História, fotografia e cinema