TEORIA DA HISTÓRIA E DIDÁTICA DA HISTÓRIA NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (1880-1920)

Resumo

Entre 1880 e 1910, profissionalizou-se a historiografia estadunidense, mediante a fundação de uma instituição representativa a American historical Association (AHA), com sua respectiva revista, a consolidação de postos de trabalho nas universidades de Harvard, Yale, Columbia, Michigan, Cornell e Johns Hopkins, e a disseminação de uma normativa: o método crítico. Consolidadas a corporação e a ciência, os historiadores tentaram ocupar os demais espaços de uso do seu saber: o ensino de história na escolarização básica e produção de livros didáticos de história. Estes objetivos não foram alcançados. Em 1916 a história foi transformada em objeto da área de estudos sociais e no entre-guerras os amadores afastaram os historiadores do rico mercado editorial. Essa é, em síntese, a história da disputa entre historiadores e educadores em torno do ensino de história nos EUA, contada, principalmente, por Peter Novick. Este texto explora uma forma alternativa de narrar a história do ensino de história nos EUA, entre as décadas de 1880 e 1920. Aqui, mediante o exame de histórias da historiografia, manuais propedêuticos do método crítico, relatórios sobre o ensino de história nas universidades colleges e escolas secundárias e elementares, como também de manuais didáticos para a formação do professor de história, buscamos mapear os fundamentos das didáticas da história produzidas naquele período. Ao modo de Jörn Rüsen, investigamos as ideias orientadoras, a normativa, as funções e os interesses que justificaram as opções de ensinar a história na escolarização básica como “ciência da história”. Os resultados iniciais da pesquisa, no que diz respeito à normativa, indicam que a teorização sobre o ensino de história fez uso de princípios metódicos não coincidentes, disseminados por duas gerações de historicistas: os ex-alunos dos discípulos alemães de Leopold von Ranke e os leitores do manual Introduction aux ètudes historiques (1898) de Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos.