A configuração do narrador em Quincas Borba, de Machado de Assis
Palavras-chave:
Narrador. Focalização. Humor. Trágico. Representação.Resumo
Este trabalho promove uma análise do romance Quincas Borba, de Machado de Assis, observando de que modo o protagonista Rubião tem o caráter dissecado pelo narrador, provocando o humor no discurso romanesco. Para examinar a questão proposta, refletiremos sobre as instâncias do narrador e da focalização (GENETTE, 1995) que, no romance em questão, contribuem para os sentidos cômico e trágico na construção do caráter do protagonista Rubião. A utilização do narrador heterodiegético com focalização onisciente assume uma dimensão crítica que expõe, aos olhos do leitor, a vaidade de Rubião e como suas ações são conduzidas pela questão social. Nesse sentido, a narrativa machadiana põe em evidência as assimetrias existentes nas relações sociais e de que forma o quadro reflete as questões humanas e sociais que encontram-se invertidas em uma sociedade cruel e corrupta. Traços que estão ocultos aos olhos de Rubião aparecem, por meio da focalização onisciente, de forma cômica e trágica aos olhos do leitor, com isso o romance machadiano aborda a problemática em torno das relações humanas. O narrador machadiano não deixa dúvidas quanto às mudanças que o dinheiro é capaz de operar na vida do indivíduo, por isso outro aspecto apontando no romance é a teoria do humanitismo que, no discurso narrativo, é exemplificada por meio da metáfora das batatas. Por fim, a configuração das instâncias do narrador e da focalização faz com que o romance de Machado exponha um retrato ambíguo da sociedade, revelando as máscaras sociais presentes nas relações humanas. Machado de Assis destoa da objetividade do Realismo, no que diz respeito à percepção simultânea do dado objetivo e do dado subjetivo, na representação em paralelo da realidade social de um contexto histórico específico e do íntimo convulsionado do indivíduo inserido nesse contexto.Downloads
Publicado
2018-05-16