A relação de aprisionados e estudantes universitários, em atividades de leitura e produção de textos

Resumo

Este texto trata da nossa participação no projeto de extensão “Leitura e produção de textos” que foi realizado no Centro de Inserção Social (CIS), em São Luís de Montes Belos/ GO, e se constituiu por oficinas de leitura e produção de textos voltadas à complementação educacional dos encarcerados, tendo em vista a remição de pena pela leitura. Essa ação extensionista contou com a participação de dez estudantes do curso de Letras e Zootecnia, sendo a maioria do curso de Letras. Nos encontros desenvolvidos no CIS, os estudantes universitários davam a sua contribuição nas atividades de leitura e produção de texto. Um aspecto importante da metodologia que utilizamos consistia no fato de cada participante escolher um livro que lhe chamasse atenção para a sua leitura e, posteriormente, sua elaboração textual, com o acompanhamento do acadêmico responsável. Sendo assim, essas duas atividades visaram o aprimoramento de tais habilidades e a possibilidade de ampliarem o conhecimento de mundo, de estar com sua liberdade restringida temporariamente, mas não a sua imaginação. O referido projeto de extensão proporciona a atuação da universidade em um espaço marginalizado da sociedade, em que há pessoas que necessitam de práticas de leitura e produção de texto como possibilidade de reinserção no meio social. É possível afirmar que a experiência obtida no contato com os encarcerados foi duplamente produtiva. Por um lado, pelo fato de nós, enquanto estudantes, rompermos com pré-conceitos referentes aos detentos e aquele lócus, constituindo uma visão mais respeitosa da que está posta. Por outro lado, os presidiários tiveram a oportunidade de repensar o imaginário de que a universidade é um espaço distante, inatingível, com pessoas que não se preocupam com questões sociais. Nesse sentido, a extensão cumpre seu papel, estabelecendo um elo enriquecedor entre sociedade e universidade, na troca de conhecimentos, dando visibilidade aos sujeitos que estão com a liberdade cerceada em um espaço historicamente marginalizado.