As ciências da linguagem na desconstrução de mitos que sustentam o preconceito linguístico
Palavras-chave:
Preconceito Linguístico. Educação. Alunos. Variação linguística.Resumo
Neste trabalho, buscamos socializar um estudo que desenvolvemos na disciplina de Dimensões histórico-sociais da língua. Nesse analisamos entrevistas por meio das quais procuramos saber se os alunos já tiveram conhecimento sobre o que é preconceito linguístico e se os mesmos já praticaram, presenciaram ou sofreram tal preconceito. Para a realização de nosso estudo, fizemos uma pesquisa de campo com 20 alunos, sendo 10 do primeiro ano do ensino médio e 10 do último período do curso de direito e, através de questionamentos, observamos que os conhecimentos das ciências da linguagem, nas escolas e universidades são bastante escassos e, muitas vezes, inexistentes. Grande parte destes alunos ao serem questionados sobre o que é preconceito linguístico não conseguia nos apresentar uma resposta e, quando conseguia, apresentava respostas equivocadas, mas, após haver um esclarecimento sobre este assunto, observamos que todos os alunos já sofreram ou praticaram o preconceito linguístico. Constatamos, também, que eles não consideram que a prática desse preconceito seja algo grave e não conseguem compreender que as práticas preconceituosas são capazes de excluir uma cultura e até mesmo um indivíduo. Ainda, ao serem questionados se no Brasil há uma região em que “melhor” ou “pior” se fala o português, todos os alunos apresentaram opiniões preconceituosas, pois alguns definiram que o nordeste é a região em que o português é utilizado da pior forma, por se tratar de uma sociedade com menos desenvolvimento econômico e social, e que, o sudeste e o sul, por serem regiões consideradas “bem desenvolvidas”, apresentavam uma melhor proficiência na língua portuguesa. Observamos também que grande parte desses alunos menosprezam o seu próprio modo de falar. Percebemos isso quando perguntamos qual era a visão que eles tinham sobre seu falar, e as respostas obtidas eram constituídas pelo preconceito, julgando-se incapazes de falar do modo “certo” e “bonito”, conforme o imaginário social. Constatamos, então, o quanto a falta de acesso às discussões produzidas na área da linguística contribui com o modo pelo qual os alunos atribuem valor negativo ao próprio modo de falar e à própria cultura, fazendo com que desvalorizem toda e qualquer variação da fala e imponham como “certo” somente a forma prestigiada pela sociedade. Através das análises concluímos que é preciso que os professores saibam da importância do estudo de linguística em sala de aula, para que os alunos compreendam que toda língua varia e que não há uma variedade com valor superior a outra, isto feito para que não excluam e nem se sintam excluídos, não desvalorizem e nem se sintam desvalorizados, mas sim que respeitem e se sintam respeitados em todas as suas características e, indiscutivelmente, pela sua forma de falar.Downloads
Publicado
2018-05-22