Do local ao universal: uma leitura da obra poética Dinossauros dos Sete Mares, de José Godoy Garcia

Autores

  • Gustavo Dias de Sousa UEG - Universidade Estadual de Goiás

Palavras-chave:

Lírica. Dinossauros dos Sete Mares. Universal. Social. Mundo.

Resumo

Sabe-se que uma obra literária possui em si várias possibilidades de leitura, nesta perspectiva, a poesia, por apresentar algumas características singulares, transforma-se num objeto de pesquisa valioso. Seja na sua composição estrutural, seja na sua composição temática, sempre há a possibilidade de uma interpretação diferente. Partindo desta afirmação, este estudo tem por objetivo investigar a obra Dinossauros dos Sete Mares, escrita pelo poeta goiano José Godoy Garcia (1918-2001) por um viés que não reduz a poesia a godoyana algo regionalista, como muitos a veem, a intenção é abrir um leque de possibilidades, procurando fazer uma análise de como sua poética rompe com os limites (espaciais e históricos) e atinge um patamar universal. Os poemas da obra em questão possuem uma carga social grande, semelhante à de outros poetas modernos brasileiros e europeus, dessa forma, torna-se necessário lançar mão de conceitos relacionados às temáticas sociais: Adorno (2003) e Bosi (1997) relacionados à lírica, sociedade e resistência, Collot (2013, 2015) sobre o eu lírico fora de si e o canto do mundo e Souza (2013) a respeito do espaço social. Mesmo sendo natural de Jataí, cidade do interior de Goiás, José Godoy ainda é um autor pouco conhecido no estado e também no âmbito acadêmico, onde encontra-se pouco trabalhos sobre ele e sua obra poética. Tido como poeta moderno por causa da estrutura e temática de seus poemas e também pela cronologia, José Godoy não estaciona no movimento modernista brasileiro e abre as asas como um pássaro (animal bastante recorrente na obra) para sobrevoar o mundo e observar suas mazelas, com um olhar para o outro. Publicado em 1988 e, segundo o próprio autor, o seu livro que mais possui intimidade com o contemporâneo, Dinossauros dos Sete Mares traz poemas de confissão sentimental, textos com uma visão regional e composições que exaltam a natureza, mas é na universalidade de “Eu posso transformar o mundo”, na resistência de “O elefante sonhava”, na atenção à alteridade de “Crianças de Anádia” e “Ver os homens”, na voz social de “Goiânia, 87” ou ainda no espaço humano destruído de “Invasores” que o eu lírico de José Godoy Garcia pulsa sensibilidade e expressividade, e apresenta um poeta totalmente antenado ao mundo e às realidades.

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Publicado

2018-05-24