Espaço, memória e identidade no romance Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende

Autores

  • Sara Caroliny Pires UEG - Universidade Estadual de Goiás

Resumo

Neste trabalho, objetivamos analisar de que maneira o romance Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, problematiza as questões em torno do espaço, da memória e da identidade, mostrando como esses temas são necessários, na contemporaneidade, como ponto de partida para compreender o sujeito e o mundo que o circunda, levando em consideração o confronto da personagem narradora Alice com as duas cidades inseridas no romance: João Pessoa (a casa, a cidade natal) e Porto Alegre (a cidade alheia). O deslocamento pelos espaços possibilita à personagem um questionamento identitário e uma percepção subjetiva já que se trata de uma personagem que passa da maturidade para a velhice, evidenciando uma situação muito recorrente na contemporaneidade, que coloca os idosos numa posição de silenciamento e de apagamento de suas identidades. Esta pesquisa apoia-se também na ideia de que a configuração da narrativa ficcional contemporânea tem se ocupado da multiplicidade de percepções dos espaços narrados e captados em seus inúmeros fragmentos. Assim, alguns elementos são percebidos de maneira pertinente em torno das questões que envolvem espaço, memória e identidade, pois os mesmos se fragmentam, ganhando uma relevância peculiar no romance. Na escritura de Maria Valéria Rezende, esquecimento e existência remetem à metáfora da viagem e, nesse sentido, contrasta com a narrativa épica Odisseia. Se Ulisses viaja para não ser esquecido, Alice viaja rumo ao esquecimento, à nulidade. Para enfrentar esse momento de extrema angústia, Alice precisa fazer uma viagem e como resistência a essa tristeza, faz uso da escrita memorialística, configurando-se como um labirinto de palavras apoiadas em experiências e sentid

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Publicado

2018-05-24