Nanoestruturas de poder sustentadoras da colonialidade da linguagem nas atuais políticas de educação linguística

Autores

  • Tânia Ferreira Rezende UEG - Universidade Estadual de Goiás

Palavras-chave:

Modernidade líquida. Sociedade da informação. Educação linguística. Nanopoder. Colonialidade da linguagem.

Resumo

A modernidade líquida, articulada à sociedade da informação, em que tudo está ao alcance imediato, ao mesmo tempo em que tudo é transitório, tornam os fatos e as informações, o tempo todo, defasados. Há perda ou desconsideração dos referentes e a memória não é uma condição do tempo pós-histórico (ROCCA, 2008). Apesar disso, os sólidos não se perdem nem desaparecem, persistem no tempo, simultaneamente aos líquidos, que se transformam constantemente e fluem (BAUMAN, 2000). As relações e as decisões se medem em termos de custo e benefício, isto é, de liquidez. Assim é que, no Brasil, o Espanhol entrou e saiu do currículo escolar e, na Base Nacional Comum Curricular (CNE, 2017), a Língua Portuguesa é disciplina curricular obrigatória, ao passo que o Inglês é a única língua estrangeira e é uma opção ofertada a partir dos anos finais do ensino fundamental. Essa decisão política reflete a relação de liquidez de mercado, ao mesmo tempo em que a contraria, uma vez que a Língua Portuguesa não é, em princípio, um produto de retorno compatível com o investimento. Além do mais, considerando-se o atravessamento das fronteiras, característica da modernidade líquida, que promove as práticas transculturais e translinguísticas, a política monolinguística – uma língua oficial e uma língua estrangeira – em um país continental, plurilíngue e pluricultural, parece deslocada. Mas, não é deslocada, porque reflete a permanência do sólido como uma forma de sustentação da colonialidade do poder. A manutenção do ensino normativista da língua na BNCC e a crença social na possibilidade e no alcance da aprendizagem linguística pelo ensino da norma hegemônica, inclusive na língua estrangeira, são, ao mesmo tempo, manutenção planejada da colonialidade do poder e perpetuação do espaço de exclusão dos grupos subalternizados. São, também, modos de assegurar a fronteira e a identidade nacional, cada vez mais, espumosas, gasosas e escapáveis. Por isso, é fundamental, no ensino de línguas, ter a habilidade de lidar, de forma articulada, com o sólido e com o líquido. A discussão que ora se propõe desenvolver objetiva problematizar as práticas de ensino de línguas na atualidade, tendo em vista as políticas nacionais para a educação frente aos desafios postos pela sociedade da informação e pela modernidade líquida, que caracterizam a contemporaneidade.

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Publicado

2018-05-24