O preconceito linguístico constitutivo de uma sociedade grafocêntrica

Autores

  • Amanda Guimarães UEG - Universidade Estadual de Goiás
  • Thays Fernandes UEG - Universidade Estadual de Goiás
  • Mateus Silva UEG - Universidade Estadual de Goiás

Palavras-chave:

Imaginário de língua. Preconceito linguístico. Falantes. Mitos. Relação sujeito/língua.

Resumo

Neste trabalho trazemos alguns apontamentos proporcionados por um estudo que fizemos sobre a língua, mais especificamente a análise de um imaginário linguístico que está presente em nossa sociedade. A pesquisa foi realizada no município de São Luís de Montes Belos/GO e teve caráter qualitativo. O objetivo geral foi refletir a respeito de um ideal de língua e como, a língua, se apresenta nos discursos, considerando um corpus formado por dez entrevistas que realizamos, na referida comunidade. Para a nossa análise, subdividimos em dois grupos de cinco entrevistados cada: menor e maior grau de escolaridade. Foi aplicado um questionário composto por nove perguntas relacionadas ao conhecimento dos participantes sobre a língua. A faixa etária dos entrevistados variou entre 14 a 54 anos, a fim de que pudéssemos constatar se a variável “idade” acarretaria em diferença de sentidos, nos enunciados produzidos por eles. Como embasamento teórico, recorremos, principalmente, à discussão proposta por Bagno (2013), que trata do preconceito linguístico enquanto um preconceito social que foi historicamente construído. Além disso, o autor nos possibilita pensar sobre os mitos que sustentam tal preconceito, trazendo informações acerca da linguagem falada, da relação sujeito/língua e suas ocorrências. Em nossas análises, levamos em conta que o nosso propósito foi refletir sobre um imaginário de uma língua dividida que está tão presente na sociedade, onde alguns indivíduos a tem como materna e outros que a desconhecem. Nessa perspectiva, constatamos que alguns entrevistados chegam ao extremo de não se considerarem um falante, argumentando que “não sabem falar” por não usarem a variedade linguística prestigiada comum às pessoas escolarizadas. Além disso, foi possível observarmos, a partir da análise dos enunciados produzidos pelos sujeitos envolvidos em nossa pesquisa, o fato de haver um grande número de pessoas que apresentam um discurso preconceituoso quando se referem ao próprio modo de falar ou ao falar de outrem. Nosso estudo versa também sobre o preconceito grafrocêntrico que se perpetua na sociedade de diferentes formas, por exemplo, nos espaços escolares e através da mídia, em que determinados intelectuais enunciam discursos conservadores em relação à variação linguística, corroborando com o referido preconceito. Para finalizar o nosso trabalho, discutimos a respeito da importância de refletir sobre a constituição do preconceito linguístico e o seu processo de eternalização.

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Publicado

2018-05-24