O silenciamento de falantes como consequência do preconceito linguístico
Palavras-chave:
Língua.Variedade padrão. Preconceito Linguístico. Sociedade grafocêntrica.Resumo
Neste texto, temos como intuito discutir o preconceito linguístico, levando em consideração uma pesquisa bibliográfica sobre a temática, utilizando também como metodologia 12 entrevistas com pessoas de diferentes níveis de escolaridade. Para o nosso estudo, fizemos uma análise das respostas considerando o que havia de ocorrências semelhantes na fala dessas pessoas, para refletir o quanto os falantes da norma culta são prestigiados socialmente, enquanto os demais sofrem uma repressão por não conhecer ou fazer uso da norma culta. Notamos que os entrevistados se sentem constrangidos em falar, porque julgam “errado” o seu modo de expressar. Essa pesquisa proporciona uma reflexão sobre a construção da língua no âmbito social, podendo compreender o silêncio de alguns falantes, por medo de falarem e serem criticados. Analisando as entrevistas, podemos também observar o quanto o preconceito linguístico interfere na constituição de um ser humano, pois a fala não se dissocia do indivíduo, reprimindo não apenas a fala, mas a pessoa como um todo. É preciso cuidado para não “corrigir” e ofender a integridade da pessoa. As noções de fala sustentadas na perspectiva da homogeneidade para o ensino da língua acaba sendo equivocada e excluindo as relações históricas e ideológicas dos alunos em questão. Sendo assim, os professores repassam aos estudantes os valores de uma sociedade grafocêntrica, em que só se avalia a modalidade escrita e não levam em consideração o fato de que a língua não é a gramática normativa. Ela é dinâmica e renova-se constantemente e, nesta perspectiva, não podemos nos limitar em nos fundamentar em classificar os modos de falar em “certos” ou “errados”. Por meio dessa pesquisa, constatamos que há diversos fatores e construções sobre a língua que necessitam ser discutidos com embasamento teórico em diferentes autores, para auxiliar nas análises dos enunciados produzidos pelos entrevistados e para compreendermos melhor o preconceito linguístico como uma construção sócio-histórica. Além dessa questão, pensamos ser essencial o papel da escola na desconstrução de um pensamento equivocado que limita a língua à variedade padrão, contribuindo também para a construção de uma sociedade em que todos possam se expressar sem que sofram repressões e que, ao contrário, haja respeito pelas variedades linguísticas que trazem consigo.Downloads
Publicado
2018-05-24