Os sentidos construídos sócio-historicamente acerca dos encarcerados

Resumo

Com este texto temos por objetivo discutir alguns aspectos relacionados ao projeto de pesquisa “A unidade prisional enquanto ´lócus significativo: uma abordagem discursiva”, assim como questões que dizem respeito ao plano de trabalho intitulado “Levantamento bibliográfico de obras sobre o sistema prisional: uma possibilidade de refletir sobre diferentes interpretações”. O nosso estudo é fundamentado na teoria Análise de Discurso, que considera a relação indissociável entre sujeito, língua e o contexto histórico que nos possibilita compreender melhor questões referentes à penitenciária do Brasil e sobre como é tratado esse imaginário social e como se constituem esses discursos. Nas nossas discussões, não perdemos de vista que a relação dos sujeitos com o espaço que ocupam está vinculada ao fato de nossa sociedade se constituir pelo capitalismo e tal fato é considerado quando refletimos sobre o funcionamento da linguagem, levando em conta que essa questão acarreta uma divisão desigual dos sentidos. Para a reflexão que está sendo desenvolvida, procuramos analisar notícias e outros materiais que circulam em nossa sociedade, observando o funcionamento ideológico nas regularidades enunciativas e constatar como os efeitos sócio-históricos se apresentam nos discursos produzidos, pois as posições ideológicas estão relacionadas ao processo sóciohistórico, às condições de produção do discurso. O nosso estudo também se constitui de uma reflexão sobre as diferenças sociais que se efetivam, inclusive, entre os cárceres e os encarcerados, e se apresenta como uma possibilidade de analisar como os detentos são vistos pela sociedade em geral. Principalmente, na questão de sentidos que são atribuídos aos detentos e a sociedade em geral ouve/lê e reproduz o que a mídia apresenta como “verdade”. Embora a nossa pesquisa esteja em desenvolvimento, pelos materiais analisados já é possível afirmar que, em nossa sociedade, há um imaginário em que predomina um discurso preconceituoso e cruel, a respeito dos aprisionados.