Poesia e memória em Anamnese, de Alexei Bueno
Resumo
O tema desta comunicação é a poesia brasileira contemporânea em diálogo com a tradição literária. Assim, apresentaremos alguns resultados parciais de nossa pesquisa de mestrado que está sendo realizada no Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Goiás, sob orientação do professor doutor Marcelo Ferraz de Paula. Nosso principal objetivo é compreender como a poesia de Alexei Bueno em Anamnese (2016) estabelece pontos de contato com a poética do livro Meu coração desnudado (1981), de Charles Baudelaire, cujos textos são envoltos pela ironia e pela descrença no homem moderno e, ao nosso ver, influenciam o processo criativo do poeta contemporâneo. À guisa dessa perspectiva, apontaremos que o sujeito poético impresso nos poemas de Alexei é constituído a partir do entretecer de diversas vozes de outrora, resgatadas de uma espécie de biblioteca individual, composta ao longo da trajetória do poeta como leitor de diferentes fontes literária. Ao observar esse procedimento criativo, parte da crítica o considera como algo frívolo e afirma que o diálogo com a tradição não passaria de meras citações decorativas e despersonalizadas (SIMON, 2015). Porém, outros estudiosos da poesia brasileira contemporânea, como Célia Pedrosa (2001) e Susana Scramim (2012), veem nesse diálogo uma possibilidade de criação que desloca o sentido negativo da noção de anacronismo. Desse modo, os elementos do passado, quando retomados no presente, assumem outra posição no tempo, outros modos de vida e outros significados. O passado seria assim orientado pelo presente e não o contrário. Para refletir sobre essa questão, propomos uma leitura dos seguintes poemas: “Dobrado do Estado Islâmico”, “Le tombeau de Jihadi John” e “Século XXI” que compõem Anamnese. Em seguida, pensaremos a relação desses três textos com o projeto geral desse livro, discutindo a função da memória na contemporaneidade, visto que ela é desqualificada e apontada como negativa na poesia de inúmeros poetas contemporâneos, como em Alexei Bueno. Para que possamos cumprir tais objetivos, nossa fundamentação teórico-crítica terá como base os estudos de Célia Pedrosa (2000; 2007), Wander Melo Miranda (2000), Marcos Siscar (2007), Jeanne Marie Gagnebin (2006), Alfredo Bosi (2000), Octavio Paz (2013) e Alberto Pucheu (2016) que, cada um ao seu modo, pensam sobre a literatura como forma de resistência ou discutem as reconfigurações da memória na poesia brasileira produzida a partir da década de 1980.<%2
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Publicado
2018-05-24