Quarto de despejo: o discurso testemunhal dos excluídos em Carolina Maria de Jesus

Autores

  • Jocileni Antunes dos Santos Paulo UEG - Universidade Estadual de Goiás
  • Alex Bruno da Silva UEG - Universidade Estadual de Goiás

Palavras-chave:

Literatura. Testemunho. Representação. Carolina Maria de Jesus.

Resumo

Este trabalho propõe-se a discutir o caráter testemunhal dos excluídos na narrativa brasileira contemporânea, especificamente na obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, publicado pela primeira vez em 1960. Ao escrever um diário, a autora acabou por testemunhar a realidade dos moradores das favelas e, com uma linguagem simples, expressiva e realista, seu relato inscreve-se na história da literatura brasileira, colocando em cena a representação de grupos historicamente marginalizados. Segundo Seligmann-Silva (2005), o conceito de testemunho concentra em si uma série de questões que polarizaram a reflexão sobre literatura: antes de qualquer coisa, esse conceito põe em questão as fronteiras entre literário, fictício, descritivo e realidade. A representação de grupos sociais, historicamente marginalizados, por não terem uma cultura letrada, faz com que algumas obras sejam subvalorizadas e apagadas, encontrando dificuldades para superar a barreira da invisibilidade. O gênero testemunho é comprometido político e ideologicamente em trazer à tona a voz daqueles que não estão inseridos na história. O discurso testemunhal tem a missão de narrar a experiência vivida pelo sujeito e o horror testemunhado por ele, numa tentativa de estabelecer uma nova relação com a memória do passado. Sendo vistas por alguns críticos como obras não literárias, em questões estéticas, afastando-se dos padrões estabelecido pelos os escritores de elite, as narrativas de testemunho ganham força a partir das guerras que marcaram o século XX. Para pensar a relação entre literatura e história e entender o que torna a narrativa uma literatura de testemunho, este trabalho pretende discutir tal conceito e analisar a obra de Carolina Maria de Jesus, destacando seu teor testemunhal e os sentidos que emanam dessa voz discursiva, em relação ao espaço que ela ocupa.

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Publicado

2018-05-24