A literatura e a possibilidade de construção do sentimento de empatia: superando os limites

Autores

  • Bruna Krakauer Ribeiro
  • Elizete Beatriz Azambuja

Resumo

O presente trabalho trata da relação que fizemos entre o projeto de extensão “Leitura e produção de textos na Unidade Prisional de São Luís de Montes Belos/GO” e a obra A Invenção dos Direitos Humanos: Uma História, de Lynn Hunt (2009). De acordo com a autora, apenas as pessoas de coração petrificado poderiam ignorar as emoções que são provocadas pela leitura de um romance. Através da leitura de  romances, e pelo olhar das personagens, somos  capazes de criar sentimentos para além das páginas secas de um livro e não se importar com uma hierarquia estabelecida pelas questões sociais, sexo, raça, gênero e nação. As obras consideradas por Hunt (2009),  apresentavam uma torrente de emoções pessoais e universais que, pelo olhar das protagonistas, conseguiam enxergar como suas semelhanças se aproximavam pelos sentimentos que eram despertados. O sentimento que era despertado pela leitura de romances era a empatia, que, conforme afirma Hunt, é a capacidade que um ser humano tem de se colocar e respeitar a subjetividade de outros sujeitos e não menosprezar seus sentimentos. Esta capacidade, para a referida teórica, é desenvolvida pela interação social dos seres humanos uns com os outros, pelo processo de aprendizado pelas leituras dos romances, configura-se em uma capacidade de transcender diferente. Quando as pessoas da época analisada pela historiadora liam os romances, seus sentimentos superavam as convenções sociais que separavam os nobres dos plebeus. Consequentemente, passavam a enxergar o outro como seu igual, mesmo que nunca tivessem se visto pessoalmente, pois o fato de terem lido o mesmo romance fazia com que conseguissem ter os mesmos tipos de sentimentos. A abordagem dos romances eram fatos cotidianos de pessoas comuns, no âmbito do amor, casamento ou de uma personagem em busca de seu lugar no mundo. A empatia está profundamente associada à questão do respeito, educação, defesa e promoção dos direitos humanos e é esse sentimento que constitui as nossas relações com os aprisionados da referida Unidade Prisional.

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Publicado

2019-08-09