Os discursos que constituem a obra “O meu pé de laranja lima”, de José Mauro de Vasconcelos

Autores

  • Adriana Pereira Souza
  • Elizete Beatriz Azambuja

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar os discursos que constituem o romance juvenil O meu pé de laranja lima (1975), de José Mauro de Vasconcelos, a fim de compreender o modo como o autor trata, principalmente, de questões relacionadas à desigualdade social e as formas de preconceito racial e de classe que perpassam a obra como um todo. É muito interessante observar que essas questões são vistas pelos olhos ingênuos de uma criança que nasceu em uma família pobre e ele atribui sentidos para o que vê acontecer ao seu redor e, diante da dureza das suas condições de vida, o personagem encontra na fantasia a sua alegria e razão de viver.  Nessa perspectiva, é possível constatar-se que Vasconcelos apresenta como ponto forte de sua obra o discurso da amizade. Para Michel Foucault (1994), o conceito de amizade se fundamenta a partir de sua relação com o poder e a ética. De acordo com o autor, sendo a amizade uma relação de poder, ela é a melhor relação do ponto de vista ético, entendendo-se ética como sendo aquela relação em que cada um é convidado a cuidar de si e a estimular o outro para que também cuide de si. No romance em pauta, predomina a ironia como forma de narrar as ações do personagem que sofre todas as imposições e privações de uma sociedade desigual, injusta socioeconomicamente e massacradora. Para fundamentar o nosso estudo, tomamos, além das reflexões de Foucault, a teoria Análise de Discurso fundada por Michel Pêcheux e a leitura de obras de Eni P. Orlandi, como Análise de Discurso: princípios e procedimentos (2015) e Discurso e Leitura (2012). Somado aos autores citados, consideramos imprescindível trazer as reflexões que Paulo Freire apresenta em seu livro A importância do ato de ler (1989), em que afirma o fato de a leitura do mundo preceder sempre a leitura da palavra.

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Publicado

2019-08-12