Os discursos sobre o encarceramento e os encarcerados, na voz de diferentes sujeitos
Resumo
Com este texto, temos por objetivo discutir alguns aspectos relacionados ao projeto de pesquisa “A unidade prisional enquanto ‘lócus significativo’: uma abordagem discursiva”, assim como questões que dizem respeito aos planos de trabalho intitulados “O discurso dos universitários a respeito do cárcere”, “A naturalização da desigualdade social nos discursos sobre o encarceramento” e “Mulheres aprisionadas no imaginário sócio-histórico”. Nossos estudos são fundamentados na Análise de Discurso, a partir das ideias de Pêcheux (1975) e Orlandi (2012; 2006). Esta teoria tem como um de seus princípios a indissociabilidade entre sujeito, língua e o contexto sócio-histórico e ideológico. Assim, buscamos compreender melhor questões referentes ao sistema prisional no Brasil, sobretudo, no que diz respeito ao imaginário social que constitui os discursos sobre cárceres e encarcerados. Ainda, afirmar que, nos referidos trabalhos de iniciação científica, existem relações entre as formações discursivas às quais os diferentes sujeitos se inscrevem para atribuir sentidos. Em nossos trabalhos indagamos como os diversos sujeitos encarcerados são afetados pelas formações discursivas e ideológicas presentes no corpus que organizamos e que se constitui por notícias e os respectivos comentários de internautas, assim como entrevistas resultantes de pesquisa de campo. Como procedimento analítico, observamos o funcionamento ideológico nas regularidades enunciativas que constituem os enunciados que recortamos para compreender as formações discursivas relacionadas às posições ideológicas, considerando as condições de produção do discurso, que pressupõem o processo sócio-histórico. Nosso estudo, também se constitui de uma reflexão sobre as diferenças econômicas e de gênero que se efetivam na pirâmide social. também sobre a questão de sentidos que são atribuídos aos detentos, considerando que a sociedade, em geral, ouve/lê e reproduz o que a mídia apresenta como “verdade”. Embora nossa pesquisa esteja em desenvolvimento, pelos materiais analisados, já é possível identificarmos um discurso extremamente preconceituoso acerca dos encarcerados.