Reflexões sobre o poema “Beowulf”: componente mítico-religioso e os moldes do herói arquétipo universal

Autores

  • Gabriela Magalhães Sabino
  • Alex Bruno da Silva

Resumo

Este trabalho tem por objetivo analisar a obra Beowulf, o mais antigo poema épico anônimo das línguas modernas da Europa. É uma tentativa de examinar a combinação entre os conceitos pagãos e cristãos demonstrados nele a partir de teóricos como Arias; Hadis (2002), Clark Hall (1950) e Oliveira (2010). Pretende-se discutir os principais aspectos narratológicos que são definidos pelo paganismo e cristianismo, ou seja, um componente mítico-religioso, pois os povos germânicos eram pagãos e entende-se que o poema foi escrito no processo de conversão dos indivíduos ao cristianismo. Esse processo acabou se consolidando no século XII, pois as velhas tradições pagãs, que por séculos haviam proporcionado segurança e estrutura, passaram a ser ameaçadas por conceitos da teologia cristã. Além disso, ao longo da narrativa observam-se as referências de ambos, e também alusões ao destino, rituais e celebrações. É necessário refletir sobre o personagem medieval, Beowulf, que é um cavaleiro com virtudes apreciadas na Idade Média: lealdade e coragem. Como todo herói épico, participa de aventuras fabulosas envolvendo pessoas e povos, monstros, gigantes e dragões. Desse modo, é fundamental acrescentar os traços de caráter que definem o herói anglo-saxônico: lealdade, força física, coragem, sagacidade, cortesia e comprometimento com a salvação de seu povo. Assim, a sua trajetória heroica transita em uma linha do tempo que, a partir dos ritos de passagem, separação do seu povo, seu retorno e morte, direcionam-se para a condição humana, e se torna um herói universal que representa o bem e o mal por meio de acepções relativas a esse possível caráter cristão/pagão.

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Publicado

2019-08-12