Pesquisa da fauna entomológica de flebotomíneos (Díptera: Psychodidae) em Porangatu

Resumo

Os flebotomíneos (Díptera: Psychodidae) são considerados os principais vetores naturais de protozoários do gênero Leishmania, causadores das leishmanioses. A transmissão se dá pela picada da fêmea hematófaga infectada, que necessita realizar o repasto sanguíneo para maturação dos ovos. A postura dos ovos e posterior desenvolvimento do ciclo (larvas, pupas e adultos) ocorrem em ambientes protegidos, como ocos de árvores e buracos no solo, mas também em ambientes modificados pela ação humana, como abrigos de animais, domésticos e galinheiros. Objetivou-se verificar a presença de flebotomíneos de importância médica nos ambientes peri e intradomiciliares estudados, bem como identificar as espécies encontradas, considerando o registro de casos humanos e caninos da doença no município de Porangatu. Foram utilizadas 66 armadilhas luminosas tipo CDC, distribuídas na zona urbana e zona rural do município (7 localidades). As armadilhas foram instaladas ao anoitecer (aproximadamente 18 horas) e recolhidas ao amanhecer (por volta de 7 horas) nas noites de 03 a 07 de abril de 2017. Após a retirada das armadilhas, foi realizada a triagem do material no município e posterior identificação das espécies no Laboratório Central de Goiás - LACEN/GO. Foram encontrados 1.210 exemplares de flebotomíneos, sendo 1.072 de importância médica. Dentre estes, foram encontradas Lutzomyia longipalpis (553 fêmeas e 421 machos), vetor da Leishmaniose Visceral e Nyssomyia whitmani (48 fêmeas e 50 machos), vetor da Leishmaniose Tegumentar Americana. A presença de machos e fêmeas indica a reprodução no local e sugere a possibilidade de que casos humanos e caninos possam ser transmitidos no próprio município, desde que os flebotomíneos estejam infectados. Considerando a leishmaniose um problema real de saúde pública, podemos concluir que a presença de flebotomíneos das espécies Lutzomyia longiplapis e Nyssomyia whitmani, associado ao registro de cães infectados no município de Porangatu, eleva o risco de transmissão da leishmaniose nas formas tegumentar e visceral aos humanos. Faz-se necessária especial atenção no sentido de eliminar os locais propícios à reprodução do flebótomo, bem como promover ações educativas e de manejo ambiental junto à população local.
Palavras-chave: Flebotomíneo; Leishmania; Leishmaniose.