EPIFANIAS DO EU: A CLAREZA LISPECTOR DE ADÉLIA PRADO
Resumo
A criação literária de Adélia Prado e Clarice Lispector converge-se, porém numa busca de sentidos particularizada que justifica um estudo mais aprofundado. Por meio do processo epifânico, a obra dessas autoras registra uma humanidade apassivada pelo espírito poético. No trajeto textual, ambas emanam uma linguagem original, cada qual com sua identidade própria. Adélia abre o caminho com sua poesia prosaica arraigada na simplicidade e Clarice sonda a consciência do ser através da sua prosa poética. Adélia percorre a linha da fé, mística e oração e Clarice compartilha do anseio existencial, sob a sustentação de um perfil psicológico bastante agudo. Mas é na epifania, na força esclarecedora da alma (anima), que a via Adeliana e Clariceana entrecruzam. Dessa forma, as autoras em seus registros tomam um perfil humanizado, o qual garante ao indivíduo a oportunidade de se conhecer sob uma nova ótica. Assumir uma postura investigativa ao pesquisar Adélia Prado e Clarice Lispector é buscar com cautela e empenho a consciência maior que rege suas escrituras. Para tanto, foram escolhidos uma série de autores que tratam de temas como polifonia, dialogismo e intertextualidade em Bakhtin e Kristeva, Heiddeger e o seu existencialismo, Octávio Paz e Alfredo Bosi, que tratam mais diretamente sobre poesia, Vera Queiroz sobre Adélia e Olga de Sá sobre Clarice. A análise de Clarice Lispector e Adélia Prado mostrou que o estado epifânico é uma instância particular de cada indivíduo, pois esse se revela no íntimo, no encontro da essência com a existência de cada consumidor de poesia. Isso justifica a função humanizadora das artes e especialmente da poesia. Porque o estado epifânico traduz renovação, fortalecimento da fraternidade. O trabalho que resultou na pesquisa da epifania nas obras de Clarice Lispector e Adélia Prado ressalta o valor da atividade poética, tão banalizada e mal recebida na contemporaneidade.
Palavras-chave: Clarice Lispector, epifania, poesia