LEITORES E LEITURAS: da reflexão à imersão

Autores

  • Murilo Macêdo Narciso
  • Débora Cristina Santos e Silva

Resumo

Este trabalho tem como objetivo a exposição de algumas mudanças de perfil dos leitores brasileiros nas últimas décadas, em especial nas três últimas com a popularização da internet. Estas têm sido causadas por diversos fatores, tais como o modo de comunicação das pessoas, as formas de aquisição de conhecimento, o acesso à informação e principalmente a universalização do ciberespaço. E, sobre esse último fator, embora muitos pesquisadores vejam nas tecnologias digitais uma solução para muitos problemas na educação do Brasil, o que os dados e pesquisas sobre o assunto mostram é que muitas das tecnologias não têm causado o efeito que tantos imaginam e defendem, pois nem sempre a inclusão de novas ferramentas no processo ensino-aprendizagem, em especial as virtuais, melhora o nível de conhecimento do alunado brasileiro, ou seja, nem sempre o aluno consegue uma melhora significativa no seu nível de letramento. Desse modo, pesquisas feitas por teóricos como Rojo sobre o nível de letramento do alunado brasileiro em exames como SAEB, ENEM e PISA mostram que o leitor contemporâneo, de leituras rápidas, imagéticas, de vários gêneros, e coautor de inúmeros textos no ciberespaço não tem conseguido melhorar seu desempenho nesses exames e muitas vezes tem apresentado um nível de letramento incompatível com a série na qual estuda. Houve época no Brasil e no mundo em que as leituras eram oralizadas, até por questão de limitação de textos impressos. Ainda nesse período, o leitor tinha um determinado nível de letramento e várias formas de compreensão de leitura, o que se evidenciava nas oratórias públicas e nas declamações e até encenações de textos memorizados. Já em um passado mais recente, a leitura se tornou silenciosa e o leitor, privado. Nesse período de leitura, que perdura até hoje, o leitor passou a ler mais rápido, obter mais informações, conhecer mais gêneros e até participar da construção textual no ciberespaço, porém, passou a memorizar e verticalizar menos seus conhecimentos, de acordo com estudos medidores do nível de letramento de alunos de todo o país, em exames nacionais e internacionais. Sobre essas transformações dos tipos de leitura e leitor, Santaella (2004) classifica os leitores em três tipos: o contemplativo (leitor reflexivo, meditativo), o movente (leitor dos grandes centros urbanos, das leituras rápidas) e o imersivo (também leitor de imagens, de vários gêneros e coautor de muitas produções escritas na internet). É a esse último tipo de leitor que dedicamos nossa pesquisa, num paralelo interpretativo com os outros tipos de leitores.

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Publicado

2014-12-01