MULHER: enunciados que mobilizam efeitos de sentido na sociedade do século XXI
Palavras-chave:
Mulher, efeitos de sentido, subjetividade, poderResumo
Ser mulher, ser feminina e a noção de feminilidade permanecem ancoradas no imaginário social “traduzidas em trejeitos e modelos normatizadores que interinam a re-naturalização dos pápeis sociais”(SWAIN, 2011, p. 02). Esse assujeitamento às normas de beleza, de sedução, de recato norteiam a vida, o destino desta fêmea/mulher enquanto ser inferior, delimitando suas atividades e sua importância no tempo e no espaço, por meio de densas redes discursivas. Segundo Courtine (2014, p.9), o corpo foi investido no contexto das lutas travadas pelos direitos das minorias na década de 1970, que colocaram “o corpo no coração dos debates culturais”, transformando sua “existência como objeto de pensamento” constituindo-se em um dispositivo de poder e subjetividade. Nesse sentido, o corpo tornou-se objeto de investimento de sentido, uma prática discursiva presente na contemporaneidade. Ele é o próprio acontecimento, ele é o viés e meio de imposições coletivas, de prisão e de liberdade. Que faz emergir regimes de práticas, de condutas, bem como diferentes efeitos de verdade no que diz respeito “à busca de si” (MILANEZ, 2006, p. 153). Esta comunicação tem por objetivo apresentar como estes efeitos de sentido constroem a identidade feminina no século XXI. Pois, é preciso olhar para estes saberes cristalizados, questionar as constelações de sentidos, nas quais se constroem e se representam a mulher na sociedade, pois sua identidade é movente, é fluída, é incerta, podendo mudar a ordem do mundo.
Referências
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