A (RE)PRODUÇÃO DOS “POLOS”: NOTAS SOBRE A IMPOSIÇÃO DAS CORES ROSA E AZUL NA FORMAÇÃO DE GÊNERO E DO HETEROSSEXISMO

Autores

  • Maria Regina de Lima Gonçalves Oliveira

Resumo

As discussões sobre gênero permeiam todas as esferas sociais, e sua produção, de acordo com
o imaginário social, pode ser estabelecida desde o ventre materno, quando por meio da
ultrassonografia descobre-se o sexo da criança e inicia-se o processo de produção das
identidades de gênero. O rosa e o azul são peças primordiais para essa formação, pois
simbolizam de acordo com os arranjos sociais vigentes, a primeira diferenciação entre
meninas e meninos. Diante disso, este artigo objetiva entender como essas determinações de
cores influenciam na reprodução da polaridade que divide mulheres e homens em dois
extremos diferentes e opostos, nos quais o que é determinado a uma é condenado a outro e
vice-versa. Parte-se do entendimento proposto por autoras/es diversas/os, como Beauvoir, que
já em 1949, acenava para a ideia hoje já consensual, que não há uma determinação de gênero
pré-social, ou seja, que se dê de forma intrauterina, mas sim gêneros construídos socialmente
e culturalmente. A pesquisa bibliográfica realizada permite deferir, que essa construção não se
aplica somente a produção do feminino e do masculino, pois trata-se de um processo que
institui (re)produzir também a heterossexualidade como única possibilidade de vivência
sexual, sendo esta considerada como algo natural, compulsório e legítimo. Nesse sentido,
dentre os resultados encontrados na literatura, destacam-se i) a produção de pólos que
separam e divergem mulheres e homens, ii) o “encapsulamento” dos sujeitos aos padrões
(im)postos pelo rosa e o azul, iii) a (re)produção pré-social dos gêneros, tomado como
sinônimo de sexo, e iiii) a associação do rosa a mulher e consequentemente ao gay.

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Publicado

2017-08-14