REPRESENTAÇÕES ICONOGRÁFICAS DO INFANTE SANTO D. FERNANDO

Autores

  • Pedro Henrique Pereira
  • Renata Cristina Nascimento

Palavras-chave:

Infante Santo, Portugal, Representações iconográficas.

Resumo

D. Fernando, da casa de Avis, filho de D. João I, rei de Portugal se tornou um mártir
para os portugueses desde o século XV, após ter lutado contra os mouros durante a fracassada
conquista de Tanger (1437), praça localizada no norte da África. Após o ataque falho, D.
Fernando, juntamente com alguns de seus servidores, foram abandonados pelos portugueses
devido às fortes exigências pedidas pelos muçulmanos para que o resgate fosse feito. O
resultado disso se deu nos longos anos mantido em cárcere na prisão do inimigo, até sua
morte, que gerou em Portugal uma movimentação da Dinastia de Avis para promover seu
mártir.
A construção da imagem de D. Fernando enquanto santo é característico do próprio
imaginário medieval. Segundo o papa Gregório, o grande (540-604) as representações
serviam para ensinar aos iletrados sobre o cristianismo, definindo que a “arte” recebia a
função de ligar os pobres à bíblia e também o de evangelizar, entretanto, como vemos no
decorrer da Idade Média, as obras de arte se tornaram uma maneira de se obter indulgências e
também de assumir o papel de legitimador político, muitas vezes utilizado pela própria igreja,
contudo, a criação do mártir português está mais relacionada à coroa portuguesa do que ao
religioso, mesmo que neste momento as questões políticas e religiosas europeias pouco se
diferem. Neste sentido, a construção das representações, a iconografia e também hagiografia
do Infante Santo não foram promovidas somente com o intuito de sacralizar seu sofrimento e
morte, mas sim com a intenção de legitimar o projeto expansionista português iniciado pelo
seu pai.

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Publicado

2017-09-12