Educação à direita -- apontamentos a partir da obra de michael apple

Resumo

Apesar de se restringirem especificamente ao campo educacional dos Estados
Unidos, as críticas de Michael Apple – educador e sociólogo da educação – direcionadas ao
projeto político-pedagógico neoliberal e neoconservador também podem ser aplicadas à
realidade de outros países, tal como o Brasil, pois permitem que se entendam aspectos da
atual conjuntura político-partidária na qual os elementos discursivos não podem se efetivar na
realidade concreta das práticas políticas e econômicas, a não ser quando compactuam com os
interesses destas. De acordo com Apple (2003), a configuração de uma “Nova Direita” está
relacionada ao conjunto de grupos políticos que integram a direita e a esquerda no interior do
bloco governista e aos setores empresariais e membros da sociedade civil que tendem a
formar uma aliança entre neoliberais, neoconservadores, populistas autoritários e a nova
classe média. Tal aliança compõe, na verdade, a nova constituição e concretização ideológicas
do bloco hegemônico, cuja união é estratégica e tem por interesse – além de pessoais e
grupais – garantir a restruturação capitalista que só pode ocorrer a partir do aumento da
exploração da classe trabalhadora. Nesse sentido, esse pequeno texto tem como objetivo
analisar, ainda de maneira sucinta, os elementos constitutivos desta aliança, assim como as
suas perspectivas e posições em relação ao processo educacional.