AVENIDA GOIÁS: UMA TRAJETÓRIA DO MONUMENTO INTENCIONAL AO MONUMENTO HISTÓRICO
Resumo
Esta pesquisa trata da observação das influências do discurso político construído por Pedro Ludovico Teixeira para enfrentar a campanha antimudancista pela qual seu recente governo passava, ao propor a transferência da capital do estado. São verificados reflexos desse discurso no Plano Urbano desenvolvido por Attilio Corrêa Lima para a cidade e nos relatos dos pioneiros, que contribuíram para a materialização do grande empreendimento político que se tornou Goiânia. Analisa-se a cidade de Goiás como representação da “velha” capital, com as oligarquias políticas que estavam no poder, e Goiânia como representação da “nova” capital”, símbolo das forças políticas vinculadas à figura de Ludovico. Como objeto de pesquisa, toma-se um dos trechos mais expressivos do projeto inicial, a Avenida Goiás, focalizando seus aspectos monumentais e pitorescos, assim como, as leituras do lugar, feitas por seus moradores ao longo do tempo. A partir dos fragmentos dessa busca por afirmação política, tal espaço urbano é analisado à luz do conceito de Monumento Intencional, definido por Aloïs Riegl como aquelas obras criadas para comemorar um momento histórico, perpetuando-o no futuro, pois Ludovico necessitava marcar no tempo, a ruptura com o passado que representava a transferência da capital. Segue-se, então, a trajetória do núcleo inicial da cidade até as primeiras iniciativas de preservação de edifícios pioneiros, após uma série de demolições ocorridas no fim da década de 1970, que desencadearam os processos de tombamento como patrimônio histórico, institucionalizando os exemplares eleitos como Monumentos Históricos.