Arquitetura escrita de Lina Bo Bardi: um discurso patrimonial construído entre palavras, projetos e vivências
Resumo
Este trabalho trata da questão da arquitetura feita com palavras e imagens. Busca entender e associar as construções de Lina Bo Bardi sobre a questão patrimonial, voltando nosso olhar para os textos escritos e publicados pela arquiteta descrevendo e justificando suas ações e intenções projetuais no centro histórico de Salvador entre os anos de 1987 e 1991. Totalizando três obras onde a primeira, escrita em 1987, trata sobre o projeto denominado “Barroquinha” que abarcava a região no entorno do Teatro Castro Alves, incluindo obras no mesmo, e as segunda e terceira obras referem-se as intervenções na Ladeira da Misericórdia, uma publicada em São Paulo, em 1990, a outra em Salvador no ano seguinte, 1991. Estas obras nos mostram que arquitetura também se faz por escrito e foi justamente a partir do Modernismo que a arquitetura escrita sofreu uma grande transformação, pois no século XX, a produção textual se tornou mais volumosa, se constituindo numa importante ferramenta para as tomadas de posições, inclusive projetuais, entre os arquitetos em todo o mundo. Lina Bo Bardi se enquadra no grupo de “arquitetos-escritores” do século XX não só pela quantidade, mas pela relevância e pelos veículos que utilizava para propagar sua produção escrita. Assim, este estudo, permite a construção de um panorama sobre seu discurso acerca da questão patrimonial e os conceitos a ela atrelados. Um discurso que, em virtude do formato e do veículo utilizado leva a discussão para além dos ambientes acadêmicos e da data e local de publicação, atingindo muito mais que o público especializado e aproximando Lina e suas ideias do homem comum, um dos seus objetos e público mais valiosos.
*Artigo extraído da pesquisa realizada para a elaboração de dissertação de mestrado.