O USO DOS PRONOMES DE SEGUNDA PESSOA EM DUAS SINCRONIAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Palavras-chave:
Clíticos, Análise sincrônica, Pronomes, de segunda pessoaResumo
O presente trabalho tem como objetivo estudar o uso dos pronomes de segunda pessoa em função gramatical de não sujeito no Português Brasileiro (PB). Por meio de uma análise de duas sincronias do PB, uma da década de 70 e outra da década de 90, foi realizada uma comparação entre as ocorrências dessas formas pronominais de segunda pessoa. Os corpora utilizados nesta pesquisa quantitativa foram o Projeto Norma Linguística Urbana Culta - RJ (NURC-RJ) e o corpus do grupo PEUL (Programa de Estudos sobre o Uso da Língua), mais especificamente a Amostra denominada Banco de Dados Internacionais. Como método, foram coletadas todas as ocorrências de pronome de segunda pessoa em posição de não sujeito em cada corpus e classificadas em diferentes variáveis para a elaboração de tabelas, possibilitando a comparação das duas sincronias. Os resultados da análise comparativa apontaram para uma diminuição no uso dos clíticos desde a década de 70, sobretudo em relação ao clítico lhe, que foi apagado do discurso dos falantes dos anos 90. Outra descoberta relevante foi a substituição da preposição a, frequente na década de 70, pela preposição para, na década de 90, acompanhando os pronomes tônicos. Referente aos aspectos que não se modificaram entre as décadas, destaca-se a preferência pela utilização de pronomes tônicos preposicionados e pelo uso de pronomes com referência pessoal. Com este estudo, concluiu-se que o Português Brasileiro, de fato, passou por mudanças com o passar dos anos no que se refere ao uso dos pronomes de segunda pessoa.
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