QUANDO MEDEIA SOBREVOOU A MODERNIDADE NA SUA VASSOURA VOADORA
RESÍDUOS DA FEITICEIRA CLÁSSICA E MEDIEVAL EM AURA, DE CARLOS FUENTES
Palavras-chave:
Feiticeira, Residualidade literária e cultural, Aura, Modernidade, Literatura hispanoamericanaResumo
Na Grécia Clássica, a figura da feiticeira era retratada como um ser de intelecto agudo e astucioso. Já na Idade Média, a feiticeira se transmutou em bruxa, cuja característica principal era o elo com as artes diabólicas. Esta concepção apadrinhada pela Santa Inquisição pretendia manifestar que toda mulher inteligente, autônoma e crítica devia ser aniquilada, dado que havia pactuado com as forças supraterrenais. No mito contemporâneo, apesar das variações semióticas e narrativas, algumas das características das feiticeiras clássicas e medievais continuam presentes nos contos e romances de terror, e gêneros semelhantes. Partindo dessas premissas, objetivamos evidenciar como a figura da feiticeira na antiguidade segue vigente e relativamente moldada na literatura moderna, a partir do conto Aura (1962), do escritor mexicano Carlos Fuentes. Conduzimos este trabalho por meio do método bibliográfico e qualitativo, em que o conceito da Residualidade literária e cultural (PONTES, 2006) marca a pauta teórica da nossa pesquisa. Dessa forma, vislumbramos pontes entre a formulação do mito da feiticeira da antiguidade com as narrativas modernas, o que nos permite afirmar, pautando-nos na hipótese de partida da tese da Residualidade, que nada na literatura e na cultura é original, mas tudo remete(-se) ao passado.