DIÁLOGOS ECFRÁSTICOS EM NOVELLE DELLA PESCARA, DE GABRIELE D’ANNUNZIO

Autores

  • Julia Ferreira Lobão Diniz Doutoranda em Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Palavras-chave:

Gabriele D’Annunzio. Francesco Paolo Michetti. Écfrase. Literatura. Pintura.

Resumo

O presente estudo tem como objetivo analisar a obra Novelle della Pescara (1902), de Gabriele D’Annunzio (1863-1938) segundo a definição de écfrase. Para tanto, é necessário relacionar a poética do autor à trajetória pictural de Paolo Michetti (1851-1929), pintor realista e mentor de D’Annunzio. Ao pintor ainda é possível atribuir grande parte do mérito da criação dannunziana na composição das novelas pescaresas, já que é a partir da orientação de Michetti que o escritor passa a perceber sua terra natal, a região de Pescara, como um objeto digno de estudo. Para esta análise, interessam particularmente os contos Gli Idolatri e L’Eroe que, segundo Annamaria Andreoli (2006), quando sobrepostos à pintura michettiana intitulada Il Voto (1881 - 1883), parecem um tableau vivant. Tanto os contos quanto a pintura apelam para o mais profundo misticismo e crença humana, retratando parte do ritual da festa de São Pantaleão, realizado na comuna italiana de Miglianico, onde devotos erguem o busto do santo e rastejam em direção ao altar com as línguas coladas ao chão, entre a fumaça de incensos e o som das orações. O cotejo entre pintura e narrativa se baseará nos conceitos de écfrase (LOUVEL, 2006, MARTINS, 2016), objetivando demonstrar de que forma Gabriele D’Annunzio transpôs para as páginas dos seus famosos taccuini (cadernos de anotações que o autor sempre trazia consigo) as imagens projetadas pela observação minuciosa de Paolo Michetti.

Referências

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Publicado

2021-05-29