BUCHI EMECHETA
A FORÇA EM SUA OBRA MEMORIALÍSTICA
Palavras-chave:
Buchi Emecheta. Literatura nigeriana. Romance memorialístico. Tradições. Decolonialidade.Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a obra, traduzida recentemente no Brasil, da escritora nigeriana Buchi Emecheta. A autora nos apresenta em seus três romances disponíveis em português, As alegrias da maternidade, Cidadã de segunda classe e No fundo do poço, ficções com traços memorialísticos, uma Nigéria colonial que mantém suas tradições e costumes, perpassando pelo período de transição colônia para um país independente, em 1960, assim como a vida de uma imigrante nigeriana na Inglaterra. As narrativas são centradas em personagens femininas, com as fortes imposições da cultura nigeriana, contendo muitas referências autobiográficas, o que nos mostra a dificuldade da autora / personagem em encontrar o seu lugar entre às tradições nigerianas e a modernidade ditada pelo colonialismo inglês. A pesquisadora nigeriana Oyèrónké Oyěwùmí (2004) nos aponta a necessidade de pensarmos o conceito de gênero a partir das experiências e epistemologias culturais africanas, apesar do racismo estrutural global existente. Encaminhamos essa pesquisa no sentido de pensar que o papel da mulher na cultura africana é completamente diferente do recorte de gênero no ocidente, justamente porque gênero é uma categoria de construção sociocultural. Então, entender o universo da escrita de Buchi Emecheta a partir dos três romances aqui analisados, é partir do pressuposto que “as análises e interpretações sobre a África devem começar na África” (Oyěwùmí) e em outros estudos decoloniais.