PRÁTICAS DE SUBJETIVAÇÃO DAS EX-ENCARCERADAS DO SISTEMA PRISIONAL FEMININO NO INTERIOR GOIANO
Palavras-chave:
Práticas de subjetivação, Cárcere feminino, DisciplinaResumo
Resumo: Objetivamos, com este artigo, apresentar os resultados parciais de pesquisa sobre os processos de subjetivação de ex-presidiárias do interior goiano. Os enunciados das informantes são clivados por discursos que circulam a respeito do sistema carcerário feminino e revelam a ordem da dizibilidade sobre castigos, suplícios, saberes e poderes disciplinares. O corpus de pesquisa é composto por enunciados produzidos por egressas do interior do estado de Goiás e, no caso desta investigação, apresentamos a análise dos enunciados de duas informantes. Mobilizamos a fundamentação teórica da Análise de Discurso de linha francesa, que considera a relação indissociável entre língua, sujeito, contexto sócio-histórico e ideológico, além das considerações sobre os estudos foucaultianos acerca do cárcere, tais como: Em Defesa da Sociedade (1999), Segurança Território e População (2008), Vigiar e Punir: nascimento das prisões (2014a) e A Ordem do Discurso (2014b). A metodologia consiste na coleta de dados por uma pesquisa de campo realizada por meio de entrevista estruturada. Como resultados, percebemos que as práticas de si por meio da disciplinarização do corpo das mulheres que estiveram encarceradas são permeadas pela biopolítica, pelo poder pastoral e, simultaneamente, pelo biopoder, pois alguns depoimentos paradoxalmente demonstram a exigência do poder disciplinar, útil e dócil, não violento, na prisão. Assim, analisamos como funcionam a ética e a estética das existências das mulheres pesquisadas.