SUSPENSÃO E MANUTENÇÃO DO REAL
O NARRADOR COMO AGENTE DUPLO PARA A INSTAURAÇÃO DO FANTÁSTICO
Palavras-chave:
Guimarães Rosa. Narrador. Hesitação. Realismo Fantástico.Resumo
Verificar o comportamento evasivo no modo como o narrador de “Um moço muito branco” informa o leitor dos fatos da sua narrativa. O caráter fabular da narrativa Roseana que, por vezes ganha contornos de uma tradição oral de contação de estórias, afirma-se assim para garantir o vislumbre de um mundo mítico calcado na especulação folclórica, que é de forte regulamentação para a compreensão do homem sertanejo, figura basilar dos contos de Guimarães Rosa. Assim a leitura vai permitir conferir que a forma com que o narrador elenca os eventos e descrições da narrativa, oscilando entre o real e fantástico desperta no leitor um ponto de hesitação, fundamental para a instauração do insólito. Aparado por Todorov e suas teorias veremos como essa hesitação viabiliza a instauração do fantástico. Também a condução do narrador para equilibrar esses dois mundos possibilita conferir ao conto seu caráter de realismo fantástico.
Referências
LOVECRAFT, H. P. O horror sobrenatural na literatura. Trad. de Guilherme Linke. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.
ROSA, Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1975.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. Trad. Maria Clara Correa Castello. São Paulo: Perspectiva, 1975.