FORMA E INTROSPECÇÃO EM FRONTEIRA, DE CORNÉLIO PENNA
Palavras-chave:
Fronteira. Forma. Introspecção. Romance. Cornélio Penna.Resumo
Fronteira (1935), o livro de estreia de Cornélio Penna, é obra fundante de um
gênero ficcional da tradição na literatura brasileira, a dos ditos romances de introspecção.
Tematizando questões de ordem metafísica, o romance desloca a discussão em torno do
Modernismo de 30, por introduzir na historiografia brasileira um plano temático paralelo ao
da dita literatura social. Assim, nossa hipótese é que a ficção corneliana, da qual o livro de
1935 é exemplo, opera por uma linguagem que mimetiza estados mentais no limite entre
razão e loucura, na fronteira entre a verdade e a imaginação, entre a História e a invenção.
Nesse sentido, o objetivo desta comunicação é apresentar procedimentos formais produtores
do efeito de introspecção nesse livro: a forma mesma do romance, a linguagem mesma dessa
ficção, enfim, tomando por referencial teórico fundamentalmente o crítico Fausto Cunha, de
quem emprestamos, adaptado, o título dessa comunicação.
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