ENVELHECIMENTO E GÊNERO UMA LEITURA DOS CONTOS DE CLARICE LISPECTOR E DE LYGIA FAGUNDES TELLES

Resumo

A velhice feminina é um tema frequente em contos de Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles, a condição desse processo biológico implica discussões que ainda hoje carregam estigmas de preconceitos. Em seus contos, as autoras demonstram mazelas e conflitos sobre a temática por intermédio das vivências de personagens maduras, sutis e singulares que lidam com seus problemas de modos diferentes. Para tanto, com este trabalho objetivamos compreender a abordagem da condição feminina em contos de Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles, de modo a colaborar com a ampliação e disseminação dos estudos no que tange o espaço e a representatividade da mulher velha na sociedade. A fim de alcançarmos essa finalidade, discutiremos sobre a representatividade do corpo feminino envelhecido na Era Pós-Moderna e, também, analisaremos o processo do envelhecimento da mulher por meio de contos selecionados das autoras aludidas. A pesquisa é de natureza básica, com procedimento técnico-bibliográfico de caráter qualitativo, de forma a pautar-se nas contribuições de Beauvoir (1990), Pereira (2019), Bosi (1979), Lispector (1993), Telles (2009) entre outros. A respeito do assunto, as escritoras supracitadas seguem uma linha convergente no tocante a identificação das mazelas experienciadas pela mulher idosa na sociedade, promovendo momentos de reflexão e autorreflexão. Isso porque, em Lispector a partir dos contos “Mas vai chover” e “A procura de uma dignidade” notabilizamos personagens que se apresentam diferente da imagem cristalizada elaborada pela comunidade social, elas enfrentam essa questão, reivindicando direitos igualitários de poder experienciar emoções e sensações, das quais jovens e, sobretudo, pessoas do sexo oposto vivenciam. Ao passo que nos contos “A chave” e “Um chá bem forte e três xícaras” de Telles, observamos certa resistência das personagens femininas ao recusarem os padrões impostos pelo meio social.