IMAGENS DE ÍNDIOS NO CINEMA BRASILEIRO
UMA ANÁLISE DO FILME COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS, DE NELSON PEREIRA DOS SANTOS
Palavras-chave:
Filme Como era gostoso o meu francês, Índios, Antropofagia, Intersemiose, AnacronismoResumo
Tomando como base o filme intitulado Como era gostoso o meu francês, do diretor Nelson Pereira dos Santos, buscamos trazer à luz algumas questões sobre as representações de indígenas no cinema brasileiro. Nesse sentido, empreendemos uma análise da película de Nelson Pereira, patenteando os textos e pinturas quinhentistas que serviram de base para a sua produção. Tais textos entabularam um diálogo interessantíssimo entre Cinema e Literatura, não se restringindo às crônicas e relatos do Quinhentos, mas também reportando-nos à geração modernista de 1922 e ao Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade (1928). A intersemiose aí verificada estende-se também para o campo da pintura, já que o cineasta cinemanovista, além dos textos de cronistas e viajantes do século XVI, valeu-se de gravuras desse mesmo período, numa tentativa de refletir sobre a história do Brasil, mais especificamente, a relação entre colonizadores e colonizados e, mais do que isso, sobre o cinema e culturas nacionais na década de 1970. Para levar a termo tal análise, levamos na devida conta o anacronismo, entendido aqui como encontro de tempos heterogêneos nas imagens do filme de Nelson Pereira, obra cinematográfica de renome no cinema nacional. Por fim, importa mencionar, ainda, que, para analisar o filme em destaque, recorremos às considerações da historiadora francesa Nicole Loraux e do filósofo e historiador de arte francês Georges Didi-Huberman sobre anacronismo, entre outros.