MARRICÍDIO EM “A MULHER QUE COMEU O AMANTE”, DE BERNADO ÉLIS
Palavras-chave:
Narrativa Brasileira, Linguagem Regionalista, MarricídioResumo
Este trabalho tem como objetivo analisar o conto “A Mulher que Comeu o Amante”, de Bernardo Élis, publicado na obra Ermos e Gerais (1944), a partir da perspectiva de que maldade feminina encontra um coautor para a realização de crimes bárbaros e apesar de quase um século depois, parricídios são crimes de visibilidade no cenário policial e jornalístico atual. Objetiva-se, primeiramente, observar como o regionalismo é presente na fala dos personagens, apresentando uma riqueza linguística e cultural, na paisagem descrita ao longo do enredo e na culinária. Após isso, pretende-se apontar como Carmélia, a idealizadora da ação homicida, por motivos, segundo a leitura do texto tão banais, ela carrega no nome (Amélia) de mulher doméstica, de boa esposa, “de mulher de verdade”, conforme Ataúfo Alves e Mário Lago, deveria apresentar atitudes carinhosas e gentis para com seu esposo, também por viver em um período em que reina o patriarcalismo, o modelo de “educação” que sustenta a menina comportada, criada para obedecer, ser submissa ao pai e ao esposo, respectivamente. Por fim, espera-se que o ato criminoso seja exposto e refletido em sua grandiosidade, de acordo com o descrito no Conto, explorando passo a passo a execução e o desfecho, emitindo grande repulsa aos atos feministas. Para isso, tem-se como apoio teórico e crítico, dentre outras, os estudos de Silva (2013), Bosi (2013), Brandão (1993) e Cândido (2000).