MEMÓRIA, MULTIPLICIDADE TEMPORAL E SOBREVIVÊNCIAS NA CONSTRUÇÃO DAS IMAGENS DO ATLAS MNEMOSYNE, DE ABY WARBURG E IMAGENS DE HISTÓRIA (S) DO CINEMA, DE JEAN-LUC GODARD
Palavras-chave:
Memória, Multiplicidade tempora, Imagem, Aby Warburg, Jean-Luc GodardResumo
O presente artigo versar-se-á sobre uma sumária discussão acerca da memória, da multiplicidade temporal e sobrevivências na construção das imagens a partir de duas distintas experiências de investigação, engendradas em diferentes momentos do século XX, quais sejam o Atlas de Imagens Mnemosyne, do imortal Aby Warburg, e a série História(s) do Cinema, do longevo Jean-Luc Godard. Com vistas à inteligibilidade da discussão que aqui pretendemos encetar, achamos interessante assim estruturá-la: a priori, faremos, ainda que de forma sucinta, uma apresentação dos supracitados estudiosos, bem como de suas enigmáticas obras, já que é delas que promana esse estudo. A posteriori, adentraremos, no fulcro das aludidas obras, com o fito de deslindar (e compreender) de que forma se dá, nelas, a instigante (e interessante) relação entre memória, multiplicidade temporal e sobrevivências na construção das imagens, dado que a compreensão de tal relação constitui-se no ponto nodal para a efetividade do estudo que, doravante, empreenderemos. A fortiori, explicitaremos que, conquanto sejam materiais de naturezas diferentes - um atlas de imagens que servia à pesquisa iconológica de seu criador e uma obra audiovisual - em cada um se faz presente, de forma distinta, um forte caráter de exame das imagens, de percepção dos seus anacronismos, bem como de valorização de um escrutínio não-historiográfico. Por fim, dessumimos que Warburg e Godard, com suas enigmáticas e distintas experiências de investigação de imagens, ao se valerem da montagem como vetor do pensamento visual, publicizaram aquilo que subjazia como interesse fundamental de suas especulações: pensar com e por imagens.