O FILME ENSAIO A PARTIR DO ENSAIO LITERÁRIO
REFLEXÕES SOBRE CARTA DA SIBÉRIA (1957) E FICO TE DEVENDO UMA CARTA SOBRE O BRASIL (2019)
Palavras-chave:
Filme ensaio, Ensaio literário, Análise fílmicaResumo
O presente trabalho possui como tema os documentários que são compreendidos como filmes ensaios. Diversos rótulos tentam encaixar esses filmes em alguma categoria, como “documentários pessoais” e “documentários reflexivos”, porém não são capazes de dar conta destes filmes, mas sua ligação direta com o Ensaio mostra-se como o caminho mais frutífero para compreender estes filmes que surgem desde os anos 50, ganha força e espaço nos anos 90, e passam a ser um dos tipos mais vibrantes nas produções audiovisuais contemporâneas. O filme ensaio pode ser encarado como uma herança do ensaio-literário, uma vez que as artes se complementam. Corrigan (2015) explica que o ensaísta, muitas vezes, está associado aos ensaios literários, inaugurado por Michel de Montaigne (1533-1592), que possui como grandes marcas o uso da reflexividade, o olhar subjetivo e a ausência de regras evidentes. Para o autor, a própria do ensaio vem de um legado literário. A partir de uma análise fílmica, proposta por Aumont e Marie (2013), analisamos os filmes Carta da Sibéria (1957) e Fico te devendo uma carta sobre o Brasil (2019), assim, determinamos que alguns elementos como o formato de narrativas epistolares, uso de voz off ensaística e reflexões que partem de um Eu, heranças que vêm do ensaio-literário.
Referências
WEINRICHTER, Antonio. Un concepto fugitivo: notas sobre el film-ensayo. In: La forma que piensa: tentativas en torno al cine-ensayo. Festival Internacional de Cine Documental de Navarra, 2007.