PARÓDIA E METALINGUAGEM EM NA ESCURIDÃO DA MENTE, DE PAUL TREMBLAY

Autores

  • Fernando Henrique Crepaldi Cordeiro Universidade Estadual do Paraná

Palavras-chave:

Horror, Paródia, Metalinguagem, Na escuridão da mente, Paul Tremblay

Resumo

Este trabalho tem como objetivo promover uma leitura de Na escuridão da mente (A Head Full of Ghosts, 2015), de Paul Tremblay, destacando dois elementos fundamentais em sua composição e que estão imbricados: o diálogo constante com os paradigmas do gênero horror e o ostensivo caráter metalinguístico do texto. Ambos os aspectos se vinculam com um deslocamento paródico do centro de atenção da narrativa, que deixa de recair nos eventos narrados para se focar no processo de narração. Em outros termos, mais importante do que os acontecimentos – em si recuperáveis apenas como linguagem – é a produção dos discursos sobre eles. Para tanto, o autor norte-americano cria um romance no qual todas as perspectivas e vozes estão em xeque, são desestabilizadas e questionadas, revelando como estão prenhas de ideologia. Nesse sentido, a reflexão sobre narrativas de horror que se estabelece no interior do texto de Tremblay permite um diálogo tenso que atinge, simultaneamente, o gênero – na medida em que revela suas idiossincrasias – e o próprio romance, construído numa perspectiva crítica. Desse modo, Na escuridão da mente se marca pela ambiguidade caracterizadora da paródia, segundo Hutcheon (1985), uma vez que implica, por um lado, um distanciamento crítico e, por outro, a sacralização do código parodiado.

Biografia do Autor

  • Fernando Henrique Crepaldi Cordeiro, Universidade Estadual do Paraná

    Doutor em Letras pela Unesp, campus de São José do Rio Preto. Professor na Unespar, campus de União da Vitória. E-mail: fhccordeiro22@gmail.com

Referências

BORGES, Jorge Luís. Ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

BOTTING, Fred. Gothic. Londres; Nova York: Routledge, 2005.

CEIA, Carlos. Paródia. In:___. E-Dicionário de termos literários. 2009. Disponível em https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/parodia. Acesso em 07 jan. 2022.
CHALHUB, Samira. A metalinguagem. São Paulo: Ática, 2005.

COSTA VAL, Maria da Graça. Texto, textualidade e textualização. Pedagogia Cidadã. Cadernos de Formação. São Paulo: UNESP, 2004. p. 113-128.

CREED, Barbara. The monstrous feminine. London, New York: Routledge, 1993.

DOUGLAS, Ann. The dream of the wise child: Freud’s ‘family romance’ revisited in contemporary narratives of horror. Prospects, 9, p. 293-348, 1984.

EIKHENBAUM, Boris. Sobre a Teoria da Prosa. In: TOLEDO, Dionisio (Org.). Teoria da literatura: formalistas russos. 2.ed. Porto Alegre: Globo, 1976, p. 157-168.

FREUD, Sigmund. O inquietante. In:___. Obras completas vol. 14: História de uma neurose infantil (“O homem dos lobos”), Além do princípio do prazer e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 329-376.

HUTCHEON, Linda. Uma teoria da paródia. Lisboa: Edições 70, 1989.

______. Poéticas do pós-modernismo. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

______. Teoria e política da ironia. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.

KORKUT, Nil. Kinds of parody: from the Medieval to the Postmodern. Ancara: 2005, 197 f. Tese (Doutorado em Literatura Inglesa) – The Graduate School of Social Science, Middle East Technical University, Ancara. 2005.

MULVEY, Laura. Prazer visual e cinema narrativo. In: XAVIER, Ismail (Org.). A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1977.

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

ROSE, Margaret. Defining parody from the Ancients onwards. In:___. Parody: ancient, modern, and post-modern. Nova York: The Cambridge University Press, 1995, p. 3-53.

ROSSI, Aparecido. O horror da textualidade. Poiesis: Revista de Filosofia, v. 15, n. 2, p. 71-82, 2017.

SCHOBER, Adrian. Possessed child narratives in literature and film: contrary states. New York: Palgrave MacMillan, 2004.

TREMBLAY, Paul. A Head Full of Ghosts. New York: HarperCollins, 2015.

______. Na escuridão da mente. Rio de Janeiro: Bertrand, 2019.

Downloads

Publicado

2023-09-30

Edição

Seção

Trabalho completo