PARÓDIA E METALINGUAGEM EM NA ESCURIDÃO DA MENTE, DE PAUL TREMBLAY
Palavras-chave:
Horror, Paródia, Metalinguagem, Na escuridão da mente, Paul TremblayResumo
Este trabalho tem como objetivo promover uma leitura de Na escuridão da mente (A Head Full of Ghosts, 2015), de Paul Tremblay, destacando dois elementos fundamentais em sua composição e que estão imbricados: o diálogo constante com os paradigmas do gênero horror e o ostensivo caráter metalinguístico do texto. Ambos os aspectos se vinculam com um deslocamento paródico do centro de atenção da narrativa, que deixa de recair nos eventos narrados para se focar no processo de narração. Em outros termos, mais importante do que os acontecimentos – em si recuperáveis apenas como linguagem – é a produção dos discursos sobre eles. Para tanto, o autor norte-americano cria um romance no qual todas as perspectivas e vozes estão em xeque, são desestabilizadas e questionadas, revelando como estão prenhas de ideologia. Nesse sentido, a reflexão sobre narrativas de horror que se estabelece no interior do texto de Tremblay permite um diálogo tenso que atinge, simultaneamente, o gênero – na medida em que revela suas idiossincrasias – e o próprio romance, construído numa perspectiva crítica. Desse modo, Na escuridão da mente se marca pela ambiguidade caracterizadora da paródia, segundo Hutcheon (1985), uma vez que implica, por um lado, um distanciamento crítico e, por outro, a sacralização do código parodiado.