REPRESENTAÇÕES DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO EM INSUBMISSAS LÁGRIMAS DE MULHERES, DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Palavras-chave:
Literatura feminina negra, Violência de gênero, Resistência femininaResumo
Neste artigo, propomos, a partir da análise dos contos “Aramides Florença”, “Natalina Soledad” e “Lia Gabriel”, que compõem o livro Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2016), de Conceição Evaristo, refletir sobre a questão da violência de gênero relatada pelas protagonistas como uma manifestação decorrente do sistema patriarcal, machista e racista, que não apenas norteia o tema central da obra, qual seja o sofrimento da mulher negra nessa sociedade subordinada a esse sistema, como ainda atua em nossa sociedade. A metodologia utilizada para essa discussão é de natureza bibliográfica e descritiva. Como aporte teórico, utilizamos as reflexões de Bell Hooks (2019), Carla Akotirene (2019), Djamila Ribeiro (2020), Joice Berth (2020), Pierre Bourdieu (2012) e Gerda Lerner (2019), dentre outros. Com a leitura empreendida, foi possível compreender a importância do poder de fala e da escuta, sendo parte do processo de informação para mais mulheres. A sororidade entre as protagonistas é tema presente, uma vez que, ao narrar suas histórias, tais narrativas mesclam-se umas com as outras, reforçando que violência de gênero, machismo e racismo não constituem um fato isolado e que o sistema patriarcal, machista e racista ainda causa muitas vítimas. Destaca-se, sobretudo, o fato de essas mulheres serem fortes e insubmissas a esse sistema de opressão, conseguindo se libertar e descobrir outros caminhos para suas vidas.
Referências
BERTH, Joice. Empoderamento. São Paulo: Jandaíra, 2020.
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Tradução de Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
EVARISTO, Conceição. Insubmissas Lágrimas de Mulheres. Rio de Janeiro: Malê, 2016.
EVARISTO, Conceição. Esse lugar também é nosso. [Entrevista concedida a] Ana Paula Acauan. Revista PUCRS. Porto Alegre, n. 191, julho/setembro 2019. Disponível em: https://www.pucrs.br/revista/esse-lugar-tambem-e-nosso/. Acesso em: 10 ago. 2022.
HOOKS, bell. Teoria feminista da margem ao centro. São Paulo: Perspectiva, 2019.
LERNER, Gerda. A criação do patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. Tradução de Luiza Salles. São Paulo: Cultrix, 2019.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Pólen, 2019.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: UFMG, 2010.