“DEITADO FORA DO ÂNGULO”
A POÉTICA, O SUJEITO E A PAISAGEM EM “NA VERTIGEM DO DIA”, DE FERREIRA GULLAR
Palavras-chave:
Poética, Geograficidade, Identidade, Ferreira Gullar., Na vertigem do dia.Resumo
Este artigo busca discutir de que maneira, na obra Na vertigem do dia, de Ferreira Gullar, o fazer poético pode manifestar a experiência do escritor relacionada à sua identidade como ser-no-mundo, a partir das leituras das paisagens literárias expressas em sua poética. Para tanto, busca-se o aporte teórico da teoria da literatura, mais especificamente a partir da Fenomenologia, da Geografia Humanista Cultural (a partir das categorias relativas à espacialidade, tais como espaço, lugar, lugar-sem-lugaridade, topofilia e topofobia), e dos estudos de Identidade. Objetiva-se compreender mais a fundo os elementos autor-obra-leitor-mundo. A poética gullariana, a partir da obra Na Vertigem do Dia, apresenta um Gullar de poética mais madura, embora sem perder sua caraterística experimental, advindo de uma bagagem histórica pós-exílio, o que dá ao leitor uma vívida ideia de como sua identidade no espaço é híbrida e marcada por fissuras e reconstruções. De modo específico, intenta compreender, a partir da concepção da crítica literária e da Geografia Humanista Cultural, estruturadas na Fenomenologia, quais relações entre lugar e identidade se fazem presentes na poética gullariana, em Na vertigem do dia, verificando de que modo a poética de Ferreira Gullar manifesta seus sentidos de lugar e pertencimento, considerando o desalojamento desse sujeito a partir da sua experiência de pós-exilado.