UM NÓS FRENTE A NÓS SÓCIO-HISTÓRICOS
UMA LEITURA (CON)TEXTUAL DE INSUBMISSAS LÁGRIMAS DE MULHERES
Palavras-chave:
Literatura negra feminina, corpo, mãe preta: escrevivência;, Insubmissas lágrimas de mulher.Resumo
A presença de uma voz autoral plural, declarada ou latente, a despeito do uso da 1ª pessoa, na ficção de Conceição Evaristo, um recurso estilístico próprio que recebeu dela o neologismo escrevivência, faz parte de uma genealogia que representa um dos pilares da constituição e consolidação da literatura negra feminina no Brasil, que tem uma densa base sociológica e antropológica. Tal conexão epistemológica se assenta no ressoar da figura da mulher negra do Brasil diaspórico, na Literatura afro-brasileira, que, todavia, se desencapsula de parâmetros estratificados na (e pela) sociedade. Nesse sentido, o intento desse movimento literário é certeiro: fomentar, viabilizar uma construção audível e autônoma do corpo feminino negro, historicamente silenciado, como aquele que passa a versar sobre ele e a partir dele mesmo, chocando-se, assim, com um panorama de tradição literária (e social) canonizado, pautado em discursos de ordem falocêntrica, eurocêntrica e etnocêntrica, como aponta a crítica literária. Portanto, esse estudo pretende imergir na escrevivência e verificar o seu modus operandi no texto literário; para tanto, inicia por um escopo geral e conceitual da literatura negra brasileira e do corpo feminino negro em dimensão sócio-histórica e se encerra com a apropriação da História pela Literatura; nesse instante, haverá uma breve entrada no volume Insubmissas lágrimas de mulheres (2011) pela razão de essa obra de Evaristo abarcar personagens femininas cujos corpos aludem a noções contextuais relativas à raça, ao gênero, à classe e à sexualidade que justamente dialogam com teorias das Ciências Sociais.