A ASCENSÃO DA NOÇÃO DE “VELHOFOBIA” NA PANDEMIA DE COVID-19

RESSONÂNCIA NEOLIBERAL NO DISCURSO DE BOLSONARO

Resumo

O quadro de isolamento social voltado mais severamente para os velhos durante a pandemia de COVID-19 reforçou a ideia de fragilidade pré-concebida por algumas pessoas em relação a esse público. Ocorre que, no Brasil, o discurso sobre a inutilidade do velho e dizeres zombando do lugar dessas pessoas na sociedade diante da pandemia foram reforçados pelo próprio ex-presidente da República em exercício na época, Jair Messias Bolsonaro. As diversas falas do ex-presidente escancaram não só o seu desprezo pela população velha, como também traços de um discurso neoliberal perverso. A proposta deste trabalho é analisar como a noção de “velhofobia” é reforçada e discursivisada nas falas de Bolsonaro, nos anos de 2020/2021, durante a pandemia de COVID-19 no Brasil e, a partir disso, problematizar possíveis reflexos do pensamento neoliberal no discurso do ex-presidente. Para isso, foram selecionadas sequências enunciativas recortadas de falas do ex-presidente, que tratam, especificamente, sobre a relação da pandemia e as pessoas velhas. Para essa investigação foram mobilizados mo(vi)mentos de análise sob o viés dos estudos discursivos, mais especificamente nos pressupostos teórico-metodológicos desenvolvidos por Michel Foucault para a Análise de Discurso de Linha Francesa, bem como a problematização das condições de ascensão do discurso “velhofóbico” a partir do ideal neoliberal (Dardot & Laval, 2016). A partir das análises, percebeu-se que diante de uma população que envelhece cada vez mais e com mais qualidade de vida, torna-se de suma importância debater sobre o lugar do velho na sociedade e como a sua imagem tem sido construída.