A CULTURA DO ESTUPRO EM DESTA TERRA NADA VAI SOBRAR A NÃO SER O VENTO QUE SOPRA SOBRE ELA
Palavras-chave:
Cultura do estupro, Violência, Mulher.Resumo
O presente estudo tem por objetivo analisar e refletir sobre a presença da “cultura do estupro” no romance: Desta terra nada vai sobrar a não ser o vento que sopra sobre ela (2018) de autoria de Ignácio de Loyola Brandão. O foco está no capítulo seis, intitulado: Provocam desejo, depois reclamam. É descrito o interrogatório de uma jovem, nesta cena, o delegado faz uma série de questionamentos e a todo o momento por meio de suas perguntas o interrogante encaminha um olhar duvidoso para a veracidade do estupro sofrido pela garota, a autoridade policial insinua que ela certamente havia provocado e por isso sofreu a violência sexual. Desta forma, percebe-se que o recorte em estudo destaca a presença da “cultura do estupro” prática de impor à vítima a culpa pelo ato de violência sofrido, além disso, o termo está ligado à ação de silenciar a mulher e de relativizar o estupro. Darão suporte ao estudo: Campos (2016), Saffioti; Souza (1995), Solnit (2017), e outros. Os resultados mostram que a violência sexual exposta no texto literário ocorre de forma banalizada e negligenciada, a mulher aparece silenciada, desacreditada, no entanto, é por meio destes escritos que os autores/ narradores expõem situações vivenciadas pelas mulheres e assim, mobilizam e sensibilizam os leitores para compartilhar das dores destas personagens.
Referências
CAMPOS, Andreia Almeida. A cultura do estupro como método perverso de controle nas sociedades patriarcais. In: Revista Espaço acadêmico, nº 183. Maringá: UEM, 2016.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5 ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul/São Paulo: Duas cidades, 2011.
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SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani; ALMEIDA de, Suely Souza. Violência de gênero: Poder e impotência: Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter, 1995.
SOLNIT, Rebecca. A mãe de todas as perguntas: reflexões sobre feminismos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017